Ondas de frio que já mataram 20 nos EUA mudam rotina de americanos

Moradores são aconselhados a evitar respiração profunda e passar pouco tempo fora de casa em meio às ondas de frio que atingem o país

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Por Beatriz Bulla , Correspondente e Washington
Atualização:

Para um país habituado a temperaturas negativas no inverno, parecia exagero quando o serviço de meteorologia dos EUA começou a avisar moradores do Meio-Oeste a evitar respiração profunda e minimizar conversas na rua em razão do frio. As ondas de frio que atingem o país desde terça-feira já deixaram pelo menos 20 mortos – a maioria por hipotermia

Lago Michigan, em Chicago, começa a se congelar Foto: Scott Olson/Getty Images/AFP

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Dez minutos de exposição ao frio que chegou a -30ºC no norte do país podem ser fatais. Chicago, onde a sensação térmica é mais fria do que partes do Alasca, virou um deserto de gelo. Emily Yao, de 32 anos, diz que este é o inverno mais frio que já enfrentou na cidade. O que mudou na rotina dela? “Tudo”, Emily responde. “Estou trabalhando de casa. O resto, suspendi.” 

Novos hábitos

Mas se engana quem pensar que para evitar os problemas do frio basta usar as roupas adequadas ou se manter em casa, com a calefação ligada. Segundo relatos dos Estados de Illinois, Wisconsin e Michigan, mesmo as janelas preparadas para o inverno não suportam a manutenção da temperatura quente. 

“Tive de prestar atenção em coisas que não faço normalmente”, afirma Emily. “Uma delas é garantir sempre um pouco de água correndo na pia para evitar o congelamento da tubulação.”

Os termômetros em Chicago chegaram a marcar -29ºC nesta semana, batendo o recorde de -27ºC de 1985. Em Washington, a mínima chegou a 14ºC negativos, ameno perto do que cidades do norte enfrentam. Mesmo assim, escolas passaram a funcionar com horário reduzido, encerrando as atividades mais cedo. Por isso, os trabalhadores também diminuíram a jornada de trabalho. 

Beira do Lago Michigan em dia de frio intenso em Chicago Foto: Joshua Lott/The New York Times

O brasileiro Gustavo Cunha se mudou para Chicago no último dia 10. Para sair de casa na quarta-feira, ele vestiu três calças, três jaquetas e a bota impermeável para conseguir chegar às aulas do curso de administração. Lá, Cunha descobriu que as aulas haviam sido suspensas. 

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“A cidade estava morta. Museus, escolas, órgãos do governo fecharam”, diz. A emissão de sua carteira de habilitação também vai ter que esperar. “O que achei mais inusitado é encontrar o sol lá fora, apesar de estar com sensação térmica de -36ºC”, conta Cunha, que é do Acre, mas morava em São Paulo. 

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