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Fronteira entre Argentina e Uruguai será bloqueada

Passagens entre os dois países serão interrompidas por quatro horas em protesto contra instalação de uma fábrica de celulose em uma cidade uruguaia

Por Agencia Estado
Atualização:

As três passagens fronteiriças entre a Argentina e o Uruguai serão bloqueadas neste sábado, após habitantes da cidade argentina de Concordia decidirem unir-se ao protesto contra a construção de uma fábrica de celulose em território uruguaio. Assim, integrantes da denominada Assembléia Cidadã em Defesa do Meio Ambiente decidiram na sexta-feira à noite bloquear pela primeira vez a passagem de veículos na fronteira entre Concordia e a cidade uruguaia de Salto entre 17h (18h de Brasília) e 21h (22h de Brasília). Durante essas quatro horas, habitantes do distrito da província argentina de Entre Ríos se unirão ao bloqueio de estradas realizado de diferentes formas pelos habitantes das cidades de Gualeguaychú e Colón, que fazem fronteira com as uruguaias Fray Bentos e Paysandu, respectivamente. Na quinta-feira, os chamados Moradores Autoconvocados de Concordia tinham anunciado que bloqueariam a passagem fronteiriça com o Uruguai, mas o grupo decidiu suspender o protesto, à espera do resultado da reunião entre o governador de Entre Ríos, Jorge Busti, e o intendente de Fray Bentos, Omar Lafluf, na próxima quinta-feira. Os dois buscam "reiniciar o diálogo" entre os dois países, que atualmente estão em disputa por causa da construção da fábrica de celulose da empresa finlandesa Botnia em Fray Bentos, às margens do rio Uruguai, o que a Argentina considera perigoso para o meio ambiente. "Faremos um bloqueio, porque achamos que as gestões do enviado do rei espanhol (Juan Antonio Yáñez-Barnuevo) são positivas e, sobretudo, esperaremos a reunião da quinta-feira entre os representantes argentinos e uruguaios", disse José María Lima, integrante dos Moradores Autoconvocados. Na segunda-feira, em sua segunda visita ao rio da Prata, o enviado do rei Juan Carlos se reuniu com o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, e na terça-feira com o chanceler e com o chefe do gabinete argentino, Jorge Taiana e Alberto Fernández, embora os resultados dos encontros ainda não sejam conhecidos. De qualquer forma, a Assembléia Cidadã em Defesa do Meio Ambiente decidiu seguir adiante com o bloqueio contra a instalação da fábrica de celulose, que gerou uma disputa entre a Argentina e o Uruguai, que atualmente está sendo discutida no Tribunal Internacional de Haia. "Reivindicamos o diálogo entre presidentes", disse Ramón Cabrera, coordenador da Assembléia e também dirigente do Movimento Territorial de Libertação, um movimento "de piquete". Em Gualeguaychú, o bloqueio prossegue "por tempo indeterminado" na estrada que leva à ponte com Fray Bentos, enquanto, em Colón, bloqueios temporários são feitos diariamente na passagem que conduz a Paysandu. Além disso, a Assembléia Ambiental de Gualeguaychú participará neste domingo de uma mobilização por terra, na ponte fronteiriça General San Martín, e por água, em frente ao local onde a fábrica é construída, com lanchas e botes. A empresa espanhola Ence planejava construir outra fábrica de celulose nessa região, mas recentemente anunciou que o projeto será transferido para outra parte do Uruguai, ainda não definida. Dias atrás, o Governo uruguaio - que apóia a construção da fábrica - colocou à disposição da Botnia uma custódia militar, o que causou ainda mais mal-estar entre os vizinhos argentinos.

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