
22 de setembro de 2008 | 09h35
Navios russos zarparam nesta segunda-feira, 22, para manobras no Caribe, programadas para sinalizar aos Estados Unidos o ressurgimento da Rússia como potência militar e política global. O exercício, resultado de uma sólida aliança com o presidente antiamericano da Venezuela, Hugo Chávez, será atentamente acompanhado pelas Marinhas ocidentais, por ser a primeira mobilização russa desse tipo - tão próxima da costa dos EUA - desde o fim da Guerra Fria. Veja também: Chávez faz parada em Havana durante viagem à Rússia Especial: Depois da Guerra Fria O cruzador nuclear "Pedro, o Grande" encabeça a frota russa que deixou o país. O envio é a maior mostra do poderia militar russo na região do continente americano desde o fim da Guerra Fria. O Kremlin intensificou recentemente seus contatos com Venezuela, Cuba e outros países latino-americanos, ao mesmo tempo em que aumentam as tensões entre o país e os Estados Unidos. Washington criticou em vários momentos o comportamento russo durante a guerra com a Geórgia, no mês passado. O porta-voz da armada russa, Igor Dygalo, disse que o cruzador e outros três navios partiram nesta segunda-feira de Severomorsk, base da Frota do Mar do Norte da Rússia. A frota percorrerá 27.800 quilômetros para efetuar manobras conjuntas com a armada venezuelana, indicou Dygalo. A viagem ocorre depois que dois bombardeiros estratégicos da Rússia visitaram a Venezuela. A movimentação parece uma resposta ao envio de barcos de guerra norte-americanos com ajuda à Geórgia, o que irritou o governo russo. Autoridades de Moscou criticaram com dureza a atitude norte-americana no caso. Dygalo não comentou relatos da imprensa de que submarinos nucleares também participariam do exercício e que outros navios russos iriam à Síria, onde Moscou já manifestou intenção de instalar bases. "Durante a viagem os navios vão participar dos primeiros exercícios conjuntos com a Marinha venezuelana, a fim de treinar simulações e operações de resgate contra terroristas do mar", disse Dygalo. A missão deve levar vários meses. Nos anos que se seguiram ao colapso soviético, as Forças Armadas russas, antes tão orgulhosas de si, declinaram rapidamente, devido à falta de verbas. Em alguns momentos, aviões e navios não podiam sair por falta de combustível. Mas a recuperação econômica, ajudada pelo preço do petróleo, permitiu que o Kremlin despejasse dinheiro nos quartéis, que se tornaram símbolo do resgate do poderio russo. Apear disso, analistas ocidentais dizem que a frota naval do país ainda precisa ser modernizada.
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