Fuga de afegãos pode levar fronteiras ao colapso

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Por Agencia Estado
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Pelo menos 25 mil afegãos deixaram suas casas e atravessaram a fronteira com o Paquistão, informou ao Estado, Yusuf Hassan, encarregado do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) para a região do central e sudoeste da Ásia. "Essa população de refugiados está se infiltrando nas cidades próximas da fronteira e pode levá-las ao colapso", declarou Hassan. "Pelas nossas estimativas, o fluxo de refugiados afegãos para o Paquistão aumentou de 700 para 1.500 pessoas por dia depois do início dos ataques (liderados pelos EUA contra o território do Afeganistão)", acrescentou. Segundo Hassan, a Acnur está se preparando para a chegada de 300 mil refugiados afegãos ao Paquistão e outros 80 mil ao Irã e tem informações de que ainda há pessoas que estão a caminho da fronteira com o Paquistão a partir das cidades afegãs mais afetadas pelos bombardeios americanos: Cabul, Kandahar e Jalalabad. "O Paquistão fechou suas fronteiras com o Afeganistão para não permitir a entrada maciça de afegãos em seu território, mas estamos negociando a instalação de acampamentos na área tribal do Baluchistão (sudoeste paquistanês) para abrigar os refugiados e evitar uma catástrofe humana", disse Hassan. Para isso, a Acnur está pedindo à comunidade internacional um suplemento de orçamento de US$ 50 milhões - dos quais, 26 milhões já foram obtidos por meio de doações. A Acnur em Islamabad, no entanto, está preocupada com o futuro dos refugiados que entraram no país ilegalmente nos últimos 30 dias e acabaram se tornando "invisíveis" em meio à população de cidades como Quetta e Peshawar. Outro encarregado da Acnur no Paquistão, o chefe de operações especiais da agência no país, Hasim Utkan, declarou ontem numa entrevista coletiva que alguns desses refugiados têm causado problemas para a polícia, envolvendo-se em casos de roubo e agressões nas cidades próximas da fronteira. "A política das Nações Unidas para populações migrantes obedece à norma de que o refugiado deve submeter-se à legislação do país que o hospeda, sob pena de perder o status e ser deportado", afirmou Utkan. Alguns refugiados que têm chegado às cidades perto da fronteira estão recebendo formulários para que sejam identificados e levados para campos já existentes. Em Quetta, a Acnur está recebendo doações de material para a confecção de tendas, alimentos e roupas usadas para distrubuir entre a população de refugiados. Nos próximos dias, a agência deve instalar o primeiro dos novos acampamentos na cidade de Chaman, a poucos quilômetros da fronteira com o Afeganistão e um dos principais pontos de entrada de refugiados. Estima-se que mais de três milhões de refugiados afegãos já vivem em diversas cidades do Paquistão.

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