Fuga em massa na Líbia causa crise na fronteira com Tunísia

Segundo funcionário da ONU, falta comida e abrigo para milhares de estrangeiros que tentam deixar país.

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Por BBC Brasil
Atualização:

100 mil pessoas fugiram da Líbia na última semana, segundo a ONU A fronteira da Líbia com a Tunísia está cheia de migrantes, muitos deles egípcios, que tentam fugir da turbulência na Líbia. Um funcionário da ONU disse à BBC que 20 mil egípcios estavam na fronteira e necessitavam de comida e abrigo. Muitos estão dormindo ao ar livre, apesar do frio. Alguns refugiados egípcios protestaram, gritando: "Queremos voltar para casa". Cerca de 100 mil pessoas fugiram da Líbia na última semana, segundo a ONU. O correspondente da BBC Jim Muir diz que o êxodo de trabalhadores egípcios no oeste da Líbia começou na quarta-feira, mas tem se intensificado a cada dia desde então. Liz Eyster, funcionária da agência de refugiados da ONU (UNHCR), disse à BBC que as autoridades tunisianas não conseguem mais lidar com o influxo de migrantes. "Eles têm acomodado as pessoas em abrigos, escolas e propriedades deles. Mas agora temos consciência de que eles estão sobrecarregados e precisam de ajuda da comunidade internacional." Segundo Eyster, cerca de 7 mil egípcios foram evacuados por ar. Um refugiado na fronteira disse: "Todas as pessoas aqui estão protestanto porque eles querem ir ao Egito. Todos os países estão enviando seus aviões para resgatar seu povo - Turquia, Coreia, Índia, Bangladesh - todos estão chegando e partindo, exceto os egípcios". Vários países têm evacuado seus cidadãos na Líbia por ar e pelo mar. No domingo, um navio grego carregando centenas de trabalhadores expatriados - principalmente do Brasil, Filipinas, Tailândia, Portugal, Holanda e Grã-Bretanha - chegou ao porto de Pireu, próximo de Atenas. O êxodo ocorre enquanto o líder líbio, Muamar Khadafi, luta por sua sobrevivência política em meio a uma revolta popular que se iniciou no leste do país. Acredita-se que ao menos mil pessoas tenham morrido em cerca de duas semanas de violência, período em que várias cidades líbias passaram a ser controladas por forças contrárias ao governo. Khadafi enfrenta o maior desafio no seu mandato de 41 anos, mas ainda controla a capital, Trípoli. No entanto, a cidade de Zawiya, a cerca de 50 km da capital, foi tomada por opositores no domingo. Forças aliadas a Khadafi estão cercando a cidade. Moradores locais afirmaram à BBC que forças pró-Khadafi nas imediações da cidade têm realizado várias tentativas de chegar ao centro, desde o dia 17 de fevereiro. Em discurso televisionado na última quinta-feira, Khadafi dirigiu-se a população da cidade, afirmando que os jovens estavam recebendo álcool e drogas para participar de "destruição e sabotagem". Sanções Na noite de sábado, o Conselho de Segurança da ONU aprovou por unanimidade sanções contra o regime de Khadafi, pela violência com que vem lidando com os protestos contra seu governo. O órgão aprovou um embargo à venda de armas, o congelamento de bens e apresentará denúncia contra Khadafi no Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade. O presidente americano, Barack Obama, disse que o líder líbio deve deixar o cargo e o país imediatamente. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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