‘Fujimorismo quer evitar eleição para o Parlamento’

Segundo especialista, se houver votação somente para o Executivo, partido de Keiko manterá bancada e adaptará regras

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Por Luiz Raatz
Atualização:

A possibilidade de uma renúncia conjunta dos vice-presidentes de Pedro Pablo Kuczynski, hipótese que ganhou força ontem, obrigaria o Congresso peruano a antecipar eleições. Neste caso, alerta o cientista político Arturo Maldonado, da Pontifícia Universidade Católica do Peru, o fujimorismo tentaria evitar a convocação de eleições gerais, para manter sua maioria no Parlamento. 

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Qual o prognóstico para a crise política peruana no curto e médio prazos?

PPK sugeriu que seus vices renunciariam. Neste caso, haveria novas eleições. Se eles interpretarem, como o fujimorismo sugeriu, que sejam eleições apenas para o Executivo, haverá uma instabilidade tremenda. O fujimorismo manteria sua bancada e adaptaria as regras à sua conveniência, trazendo uma oposição não do Parlamento, mas das ruas.

E o fujimorismo está unido em sua estratégia política contra Kuczynski?

De fato não está muito. Kenji Fujimori (irmão de Keiko e filho do ex-presidente Alberto Fujimori) prometeu que votaria em favor de Kuczynski, no entanto, Kenji tem no máximo três deputados fiéis a ele e isso não é o suficiente para criar uma cisão dentro do partido. Foi uma atitude muito isolada e não dá para dizer que estão divididos.

E neste contexto de novas eleições, como reagiria o eleitorado, uma vez que as principais lideranças políticas do país estão envolvidas em denúncias de corrupção?

É muito complicado, pois muitos partidos não cumpriram a cláusula de barreira. Provavelmente os que disputarão são os mesmos envolvidos de alguma ou outra maneira com a Odebrecht, como a Apra, o fujimorismo. O que pode ocorrer é alguma legenda de aluguel se aliar com políticos fora da cláusula de barreira para disputar a eleição. 

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Há alguma possibilidade de conseguir estabilidade em meio à crise?

Especula-se que, caso os dois vice-presidentes renunciem, o fujimorismo pode propor sair do comando do Congresso para reduzir a pressão de seus críticos. Nesse cenário, a Apra, do ex-presidente Alan García (também envolvido, assim como Keiko Fujimori, em denúncias ligadas à construtora Odebrecht) conduziria a sucessão. Seria uma resposta do fujimorismo à acusação de seus detratores de que tentam controlar os dois poderes. 

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