
03 de julho de 2009 | 09h39
O líder do Conselho dos Guardiões do Irã, aiatolá Ahmad Jannati, afirmou nesta sexta-feira que os funcionários da embaixada da Grã-Bretanha detidos em Teerã e acusados de incitar os protestos ocorridos no país nas últimas semanas serão levados a julgamento.
No último fim de semana, nove funcionários da embaixada britânica foram presos em Teerã. O governo da Grã-Bretanha disse que dois continuam presos.
"A embaixada deles teve participação nestes incidentes, algumas pessoas foram presas", teria afirmado, segundo agências de notícias, Ahmad Jannati.
"Naturalmente eles irão a julgamento. Eles fizeram confissões", acrescentou.
Falando durante as orações desta sexta-feira Jannati afirmou que os "inimigos" do Irã planejavam uma "revolução de veludo" no pais, de acordo com a agência de notícias AFP. Mas não especificou quantos funcionários da embaixada seriam julgados.
De acordo com Jannati, o Ministério do Exterior britânico teria alertado sobre a possibilidade de possíveis "tumultos nas ruas" na época das eleições presidenciais de 12 de junho e pedido a seus cidadãos que evitassem locais públicos.
O governo britânico protestou contra as prisões e rejeitou as acusações do Irã, afirmando que elas não têm fundamento.
"Estamos muito preocupados com estas informações e estamos investigando. As acusações de que nossos funcionários estavam envolvidos na incitação aos protestos são totalmente sem fundamento", informou o Ministério do Exterior britânico em uma declaração divulgada nesta sexta-feira.
Acusações
Cinco dos nove funcionários da embaixada britânica teriam sido libertados na segunda-feira, e a imprensa estatal iraniana afirmou na quarta-feira que teria libertado outros três, mas autoridades britânicas e da União Europeia afirmam que dois continuam detidos.
O Irã vem acusando repetidamente governos estrangeiros â especialmente a Grã-Bretanha e os Estados Unidos â de interferir nos assuntos do país desde as eleições de 12 de junho.
A votação resultou na reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, mas seus opositores disseram que o pleito foi fraudulento. Pelo menos 17 pessoas teriam morrido em protestos nas ruas.
A crise levou à expulsão, por Teerã, de dois diplomatas britânicos. A Grã-Bretanha respondeu na mesma moeda, expulsando dois diplomatas iranianos.
A Grã-Bretanha já foi descrita, no mês passado pelo líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, como o "mais terrível" dos inimigos do Irã.
O canal de televisão semi-oficial iraniano Fars afirmou nesta semana que um dos detidos teve um "papel marcante durante os tumultos recentes, nos bastidores".
De acordo com o correspondente diplomático da BBC Jonathan Marcus, o governo britânico vai consultar outros governos europeus que discutiam opções em relação ao Irã, entre elas, a retirada coletiva de seus embaixadores em Teerã por um período limitado, como forma de protesto.BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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