PUBLICIDADE

Funeral de Roh leva milhares às ruas

Suicídio limpa imagem de ex-presidente acusado de corrupção e amplia críticas ao atual governo sul-coreano

Por AP , NYT e SEUL
Atualização:

Centenas de milhares de sul-coreanos participaram ontem em Seul do funeral do ex-presidente Roh Moo-hyun, que se suicidou há uma semana após ser acusado de corrupção. Houve uma cerimônia ecumênica no centenário palácio Gyeongbok, depois seu corpo foi velado na praça diante da Prefeitura. A homenagem a Roh transformou-se em um grande protesto contra o atual governo do conservador Lee Myung-bak, com pessoas vestidas de amarelo, cor da campanha de Roh, gritando palavras de ordem. Segundo organizadores e redes de TV, entre 400 mil e 500 mil participaram do funeral. Roh, de 62 anos, jogou-se de um penhasco no vilarejo de Bongha, onde nasceu, no dia 23. Ele deixou uma nota descrevendo seu sofrimento como "insuportável" e pedindo a seus parentes que não ficassem "muito tristes". Roh e sua família eram acusados de receber US$ 6 milhões em subornos. O ex-presidente pediu desculpas por sua mulher ter aceitado dinheiro de um empresário. Com o suicídio, Roh aparentemente conseguiu limpar sua reputação entre os sul-coreanos, que passaram a vê-lo como um pai honrado que se sacrificou para defender os filhos e a mulher, ou como vítima de perseguição política. Deputados de oposição reclamaram ontem quando o presidente Lee se aproximou do corpo de Roh durante o funeral. "Isso foi um assassinato político", gritou o opositor Baek Won-woo, que foi detido por guardas. O suposto suborno de US$ 6 milhões é considerado pequeno para os valores da política sul-coreana, há muito afetada por escândalos de corrupção. Na época, o que mais irritou a população foi o envolvimento de um político eleito com a promessa de moralizar o governo. Após o suicídio, os procuradores expressaram suas condolências e suspenderam as investigações. O procurador-geral ofereceu sua renúncia.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.