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Futuro de Bustani na Opaq será decidido nesta sexta

Por Agencia Estado
Atualização:

O futuro do embaixador brasileiro José Maurício Bustani como diretor da Organização para a Proscrição de Armas Químicas (Opaq, órgão da ONU) deve ser decidido nesta sexta-feira, em Haia, no último dia de reunião do Conselho Executivo da entidade. Nesta quinta-feira, apesar da pressão dos Estados Unidos, o Conselho não votou a moção de não-confiança contra Bustani, como queria a Casa Branca. Em resposta, o Brasil apresentou no final do dia uma proposta para que o diálogo seja estabelecido como forma de solucionar as diferenças. Para Bustani, não está claro se o Conselho, formado por apenas 41 dos 145 países-membros da Conferência sobre Armas Químicas, tem o poder de votar uma moção de não-confiança contra seu diretor. Segundo as regras da entidade, apenas uma votação de todos os membros pode decidir pela saída de Bustani. Mas, para isso, os Estados Unidos teriam que convencer, ainda nesta quinta-feira, pelo menos dois terços dos 41 países que formam o Conselho a solicitar a votação. De acordo com Bustani, os norte-americanos o procuraram em três ocasiões pedindo sua saída. "Mas até agora não me foi dito o que eu teria feito que tenha gerado o pedido pela minha saída", afirmou o brasileiro. Segundo informações em Haia, o que estaria causando problemas para Washington seria a relutância de Bustani em aceitar que o Iraque seja atacado, sob a justificativa de estar desenvolvendo armas químicas. A Casa Branca, porém, se limita a acusar Bustani de má administração. "Essa é uma acusação séria", ressalta o brasileiro, que sugere que, se de fato este é o problema, que se instaure um órgão independente para que seja feita uma auditoria sobre sua administração. Outra possibilidade seria solicitar que a própria ONU fizesse a auditoria. "Estou pronto para ser avaliado. Minha vida profissional está aberta ao escrutínio", afirmou o brasileiro. Nos últimos dias, os Estados Unidos têm afirmado que a saída de Bustani seria "para o bem da organização". Para o diretor, porém, o que seria útil para a Opaq não seria sua saída, mas a condução transparente e apropriada de um processo que possa garantir a independência da posição do diretor-geral. "Será que o país que, sem sucesso, pediu a intervenção do Brasil para me remover do cargo e que agora pede minha saída considera isso como interferência sobre a independência do diretor?", questiona Bustani em referência ao comportamento dos Estados Unidos que, antes de lançar a ofensiva, teria pedido a ajuda de Brasília para convencer Bustani a deixar a entidade. "Eu ainda espero que o diálogo prevaleça", conclui Bustani.

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