13 de janeiro de 2009 | 00h00
O presidente eleito dos EUA, Barack Obama, deve selar nesta semana uma forte ruptura em relação à política externa do governo George W. Bush, ao anunciar uma equipe de diplomatas e especialistas dispostos a dialogar com os principais inimigos de Washington. A informação foi revelada no domingo pelo jornal inglês The Observer.Supervisionados pela futura secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, os novos nomes contrastam com os neoconservadores que dominaram a diplomacia americana durante o governo Bush. Os quadros de Obama seriam menos propensos a usar a força no cenário internacional e favoreceriam acordos multilaterais.Concretamente, a partir do dia 20, a nova diplomacia buscará estabelecer canais de diálogo direto com rivais históricos dos EUA - de Cuba e Venezuela, a Síria, Irã e, eventualmente, grupos islâmicos como o Hamas.Grande parte dos nomes que devem integrar o novo Departamento de Estado integrou o governo Bill Clinton. Vários seriam especialistas no mundo islâmico. O ex-embaixador dos EUA na ONU Richard Holbrooke, responsável pelos acordos nos Bálcãs, por exemplo, será apontado assessor especial para o Afeganistão e Paquistão - ponto nevrálgico da guerra ao terror. Negociador americano dos Acordos de Oslo, entre palestinos e israelenses, Dennis Ross será responsável pelo Irã. A nomeação demonstraria disposição para dialogar com Teerã. O acadêmico Philip Gordon, do centro de pesquisa Brookings Institution, auxiliará nas relações com a Europa.Mesmo antes de iniciada, porém, a guinada de Obama já provoca críticas. Na semana passada, o ex-secretário da Defesa do governo Clinton William Perry alertou que a nova presidência poderá ter de lidar com um Irã detentor de armas nucleares em um ano. A posição de Perry foi endossada por conservadores, que alertam para os perigos do diálogo com inimigos.
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