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Futuro político da Argentina começa a ser definido no sábado

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de dois anos afastado do "sillón de Rivadavia", como é conhecida a cadeira presidencial o Partido Justicialista (Peronista) prepara-se para mais uma vez, assumir o comando do país. Desde ao meio-dia desta sexta-feira, o peronismo começou a exercer provisoriamente a presidência, após a renúncia de Fernando de la Rúa ter sido aceita pela Assembléia Legislativa, denominação dada à sessão conjunta da Câmara e do Senado. Neste sábado às 19h (20h de Brasília) a Assembléia escolherá o novo presidente da República. Enquanto isso, o presidente será o peronista Ramón Puerta, presidente do Senado, que anunciou que não pretende permanecer no cargo até 2003. "Sou provisório. Nunca tive e nunca terei um cargo para o qual não tenha sido eleito pela população. Ficarei neste posto menos de 48 horas. E além disso, não estou tentando pela ansiedade do poder", disse. Sem Puerta, especulou-se em escolher um presidente provisório que ficaria no comando do país até a realização de eleições presidenciais diretas. Neste caso, uma das datas especuladas para as eleições seria a de 31 de março. O presidente eleito nesse dia permaneceria no cargo até dezembro de 2003, data original do fim do mandato de De la Rúa. Este presidente, se quisesse, poderia disputar uma reeleição. Mas comandar o país nesse ínterim de três meses e meio é uma amarga tarefa que nenhum dos caciques do peronismo está disposto a enfrentar. Homens com intensas ambições presidenciais como o governador de Buenos Aires, Carlos Ruckauf; de Santa Fe, Carlos Reutemann; de Córdoba, José Manuel de la Sota, prefeririam ocupar el sillón de Rivadavia só através de eleições populares, para obter amplo respaldo. Outros nomes que estão inscritos nessa corrida presidencial de eleições diretas são o senador Eduardo Duhalde e o governador de San Luis, Adolfo Rodríguez Saá. Todos estes rejeitam comandar o país na transição. Quem ocupar o cargo na transição terá que aplicar medidas impopulares e complexas. Uma delas, seria a definição do futuro do câmbio, enquanto que outra seria a aplicação ou não do calote. Por este motivo, especulava-se que um político de segundo escalão teria que ocupar a presidência. Neste caso, os nomes dos parlamentares peronistas Juan Carlos Maqueda, Oscar Lamberto e Eduardo Camaño, são os mais comentados. Outra possibilidade era oferecer o cargo ao governador Rodríguez Saá, mas com duração direta até dezembro de 2003. "Se me oferecessem o cargo, eu diria que sim", disse. Ele é um dos poucos governadores que conseguiu manter sua província com superávit fiscal. Mas seu passado pessoal está cheio de atribulações. Anos atrás, um vídeo com cenas picantes entre ele e uma ardente mulher de codinome "La Turca" causou um escândalo do qual saiu incólume, apesar das cenas em que sua partner manipulava um aparelho a pilhas, de utilização comprometedora. Saá disse que havia sido seqüestrado, mas também explicou que sua esposa e filhas o haviam "perdoado". Já na categoria de presidente provisório, Puerta foi até a Casa Rosada, a sede do governo, para organizar a transição. Em declarações à imprensa afirmou que as principais medidas do governo peronista seria o de enviar dinheiro às províncias e assegurar a distribuição gratuita de alimentos para a população mais pobre. "O peronismo tem que dar uma resposta que o outro partido (em alusão à UCR do ex-presidente De la Rúa) não conseguiu dar" disse. Segundo ele, o peronismo irá resolver tudo sozinho: "não estamos buscando consensos, temos que resolver problemas". Antes da chegada de Puerta, o ex-presidente De la Rúa apareceu inesperadamente pela na Casa Rosada para recolher os últimos objetos e despedir-se dos antigos servidores. "Deixo a presidência com o dever cumprido. O importante é assegurar a unidade nacional", disse. De la Rúa criticou o peronismo, por não ter aceito formar um governo de unidade nacional. De la Rúa revogou o estado de sítio, como último ato oficial. No entanto, horas depois, Puerta o reeinstalou na província de Buenos Aires, pelo temor a novos saques a comércios. Leia o especial

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