Futuro rei da Holanda quer se casar com filha de ministro de Videla

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Por Agencia Estado
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É sensacional ser filho de rei. Tem-se uma bela casa, peças de prata e alguns jardins com faisões e pavões, relações e todas as jovens que você ama. No entanto, às vezes é também muito desagradável. Por exemplo, quando se ama uma senhorita plebéia, ou "politicamente incorreta" ou divorciada. Por isso os corações sensíveis da Holanda dispararam. Temem que o futuro rei, Willem Alexander, que é rico, que está sozinho como em um "conto de fadas" e que, um dia, vai se tornar rei, esteja triste porque seus amores são contrariados. Willem Alexander, que vamos tratar de Alex (maneira de manifestar nossa ternura), entregou seu coração a uma jovem. Ela não tem origem de princesa, uma vez que é simples empregada de um banco de investimentos de Bruxelas. Portanto, plebéia, a jovem Maxima Zorreguieta (29 anos); mas não é o que incomoda a Corte de Haia (a monarquia holandesa é muito democrática). Não. O que choca a família reinante é que Maxima é filha de Jorge Zorreguieta e que ele tenha sido ministro da Agricultura do general argentino Videla. É compreensível que a família fique chateada: elevar ao trono a filha de um homem que pertenceu a uma Junta responsável por milhares de mortos não é negligenciável, sobretudo em um país ao mesmo tempo "calvinista" e "democrático" como a Holanda. O povo holandês não parece muito rígido em relação aos princípios: 90% dos cidadãos consideram que essa união será boa. No entanto, um casamento como esse será necessariamente um grande "acontecimento" na mídia. Vai ser visto pelo mundo inteiro. Além disso, um casamento de príncipe deve ser autorizado por um voto do Parlamento. As famílias reais européias, estejam no poder como outrora ou sejam simplesmente decorativas, como hoje, encontram sempre obstáculos semelhantes. Desse ponto de vista, a Corte da Inglaterra é a "campeã do mundo". Em 1936, o popularíssimo e notabilíssimo rei da Inglaterra, Edward VIII, foi obrigado a abdicar após 327 dias de reinado porque quis se casar com sua amante, plebéia e divorciada, Wallis Simpson. Os corações delicados derramaram lágrimas gigantescas. Mais tarde, o amor vitorioso de Edward VIII e Wallis, a bela americana, tornou-se uma das lendas do mundo: o amor mais forte que o reinado, mais forte que o poder. Mais recentemente, a mesma Inglaterra nos fez sofrer uma segunda vez, quando a irmã da atual rainha, a princesa Margareth quis casar-se com o belo coronel Peter Townsend, herói da guerra de 1940. Magareth curvou-se diante da razão de Estado. E ainda se chora de soluçar um pouquinho. Mas vamos interromper esse passeio pela monarquia inglesa desde os delírios dos sentidos e dos corações que não se acalmaram até dramas horríveis, como a morte da pricesa Diana junto com seu amante, há pouco tempo. Voltemos à Holanda. Os sofistas mais obstinados deram sua contribuição, mas o obstáculo é grande. Um deputado da coalizão no poder não mediu suas palavras: "Com esse pai, Maxima não pode se tornar minha rainha!" Um ex-embaixador holandês na UNESCO apresentou uma queixa contra o pai da prometida, Jorge Zorreguieta, por crimes contra a humanidade. Outros tentam acalmar os ânimos. Dizem que o pai da bela Maxima foi um ministro técnico que jamais fez política. A polêmica é violenta. Alguns jornais aproveitam para atacar não a jovem ou seu pai, mas o próprio príncipe Alex. Uma frase terrível foi publicada no NRC Handelsblad: "O problema não é o sogro, é o futuro marido". E, na mesma página, pensando silenciosamente em Edward VIII da Inglaterra, conclui-se: "Não se obriga ninguém a se tornar rei: o amor é mais importante que tudo".

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