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Futuro secretário-geral da ONU faz visita à China

Ban Ki-moon, chanceler sul-coreano, começa a assumir comando da ONU

Por Agencia Estado
Atualização:

O atual chanceler sul-coreano e secretário-geral eleito da ONU, Ban Ki-moon, chegou nesta sexta-feira à China para começar seus esforços diplomáticos como futuro chefe das Nações Unidas e buscar uma garantia de que as sanções internacionais contra a Coréia do Norte serão aplicadas com rigor. A visita faz parte da viagem "de agradecimento" de Ban Ki-moon aos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. Na próxima semana, ele vai à França e ao Reino Unido. Porém, deverá também discutir com os líderes chineses a crise provocada pelo teste nuclear norte-coreano. Ban Ki-moon chegará a Moscou no dia 1 de novembro, quando vai se reunir com o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, segundo anunciou nesta sexta-feira o Ministério de Relações Exteriores da Rússia. O embaixador da China nas Nações Unidas, Wang Guanya, que recebeu Ban Ki-moon no aeroporto, destacou que um dos temas na agenda do futuro secretário-geral e dos líderes chineses será a forma como o país pode ajudar a aplicar a Resolução 1718 da ONU, adotada este mês contra a Coréia do Norte. Wang aproveitou para dizer aos jornalistas que "a China aplica estritamente a resolução adotada pelo Conselho de Segurança". Ban Ki-moon, que assumirá a Secretaria-Geral dia 1 de janeiro, chega a Pequim em um dia que pode ser extremamente delicado para o conflito. Nesta sexta-feira, o Exército sul-coreano deve iniciar manobras de desembarque de fuzileiros que Pyongyang considera um "ato de provocação". A propaganda da Coréia do Norte, com sua habitual retórica apocalíptica, prometeu "conseqüências catastróficas" em resposta às manobras. A ameaça vale também para o caso de as sanções estabelecidas pelas Nações Unidas serem adotadas na prática. Nesta quinta-feira, Seul respondeu anunciando o controle de remessas e transações. Além disso, proibiu a entrada de altos funcionários de Pyongyang, na primeira mostra de que vai cumprir a resolução da ONU. Ban Ki-moon vai se reunir nesta sexta-feira com o presidente da China, Hu Jintao, o chanceler Li Zhaoxing, e o conselheiro de estado Tang Jiaxuan, que conversou na semana passada com o líder máximo norte-coreano, Kim Jong-il. Kim disse a Tang que por enquanto a Coréia do Norte não tem intenções de realizar um segundo teste nuclear, que, segundo países como o Japão e os Estados Unidos, seria considerado uma grave provocação. Resolução A resolução da ONU, aprovada por unanimidade no dia 14, estabelece sanções para os intercâmbios norte-coreanos com outros países. Foi proibido o comércio de produtos de luxo e material tecnológico e militar, que poderia ser utilizado pelo regime para seus programas de mísseis e armamentos. Por isso, a atitude da China é fundamental. O país tem fronteira terrestre com a Coréia do Norte e é seu principal fornecedor de ajuda energética e humanitária. Há dúvidas na comunidade internacional, e principalmente nos Estados Unidos, sobre o rigor com que a China aplicará as sanções. Esta semana, as dúvidas se estenderam à Coréia do Sul, ameaçada com "risco de guerra" pela Coréia do Norte caso cumpra a resolução. O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China, Liu Jianchao, defendeu nesta quinta-feira as reservas da Coréia do Sul, criticadas pelos EUA. Para Liu, o Governo sul-coreano "desempenha um papel construtivo na crise". A China tem adotado um tom moderado em comparação com países como a Coréia do Sul e o Japão. O Governo chinês, segundo os analistas, teme ser prejudicado por um excesso nas pressões internacionais sobre a Coréia do Norte. Velhas teorias sustentam que a China tem interesse na permanência da Coréia do Norte como um "país-tampão" entre ela e a Coréia do Sul, aliada dos EUA na região. Além disso, a crise e futuras sanções poderiam levar milhares de refugiados norte-coreanos a tentar entrar em território chinês. Calcula-se que de 150 mil a 300 mil refugiados norte-coreanos já vivem na China. Alguns deles às vezes tentam invadir embaixadas e consulados de outros países, pedindo asilo político e provocando incidentes diplomáticos. Em outubro, a China iniciou obras de reforço na fronteira com a Coréia do Norte, erguendo cercas de contenção.

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