G-7 lança plano de desenvolvimento para países pobres e emergentes para conter China

Ideia é oferecer empréstimos às nações em desenvolvimento em um desafio direto à iniciativa ‘Nova Rota da Seda’ de Pequim

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Por Redação
Atualização:

CARBIS BAY, INGLATERRA - Os líderes do G-7 – Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido – lançaram neste sábado (12) um vasto plano de desenvolvimento para os países pobres e emergentes, por iniciativa do presidente americano, Joe Biden, para competir com as iniciativas chinesas da “Nova Rota da Seda”

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Este projeto das grandes potências, denominado “Reconstruir um mundo melhor”, deve ajudar esses países a se recuperarem da pandemia, com foco no clima, na saúde, na tecnologia digital e no combate às desigualdades, informou a Casa Branca em comunicado.

Durante a reunião de cúpula, Biden exortou as nações europeias e o Japão a combater a crescente influência econômica e de segurança da China, oferecendo às nações em desenvolvimento centenas de bilhões em financiamento para a construção de novas estradas, ferrovias, portos e redes de comunicações.

Membros da Oxfam participam de protesto com máscaras dos líderes do G-7; para a ONG, grupo é muito brando com indústria farmacêutica Foto: EFE/ Jon Rowley

Biden usou a reunião para apresentar seu argumento de que a luta fundamental na era pós-pandemia será entre democracias e autocracias.

Mas a Casa Branca não citou nenhum compromisso financeiro específico. Em tamanho e ambição, o esforço de desenvolvimento chinês supera em muito o Plano Marshall – o programa dos EUA para reconstruir a Europa após a 2.ª Guerra.

O líderes do G-7 usaram o encontro para mostrar ao mundo que as democracias mais ricas podem oferecer uma alternativa à crescente influência da China. O ressurgimento da China como potência global é considerado um dos eventos geopolíticos mais significativos dos últimos tempos, ao lado da queda da União Soviética, em 1991, que encerrou a Guerra Fria.

A China em 1979 tinha uma economia menor do que a da Itália, mas depois de se abrir ao investimento estrangeiro e introduzir reformas de mercado, tornou-se a segunda maior economia do mundo e é líder global em uma série de novas tecnologias.

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Segundo um funcionário de alto escalão da Casa Branca, até agora o Ocidente falhou em oferecer uma alternativa positiva para a “falta de transparência, padrões ambientais e trabalhistas ruins e abordagem coercitiva” do governo chinês que deixou muitos países em situação pior.

Na reunião, as discussões sobre como combatê-la refletiram o debate no Ocidente sobre considerar a China como parceira, concorrente, adversária ou ameaça direta à segurança. Não está nada claro se as democracias ricas serão capazes de reunir uma resposta abrangente.

O plano descrito pela Casa Branca parecia unir projetos existentes nos EUA, Europa e Japão, juntamente com um incentivo ao financiamento privado. Segundo o comunicado distribuído à imprensa, o plano “Reconstruir um mundo melhor” enfatiza o meio ambiente, os esforços anticorrupção, o fluxo livre de informações e os termos de financiamento que permitiriam aos países em desenvolvimento evitar o endividamento excessivo. Uma das críticas à Nova Rota da Seda é que deixa as nações dependentes da China, dando a Pequim vantagem sobre elas.

Os líderes concordam amplamente que a China está usando sua estratégia de investimento para fortalecer suas empresas estatais e construir uma rede de portos comerciais e, por meio da Huawei, sistemas de comunicação sobre os quais exerceria controle significativo. Mas funcionários que acompanharam a reunião disseram que Alemanha, Itália e União Europeia estão claramente preocupadas em arriscar seus enormes acordos comerciais e de investimento com Pequim ou em acelerar o que cada vez mais parece uma nova Guerra Fria.

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Pandemia.

Os líderes do G-7 abordaram neeste sábado a criação de um mecanismo de defesa global ante futuras pandemias que permita a detecção precoce de patógenos perigosos e o desenvolvimento acelerado de tratamentos e vacinas. As primeiras vacinas foram aprovadas somente 300 dias após o início da pandemia.

Os lideres dos países mais ricos também discutiram meios para acabar com a atual pandemia, assim como programas para assegurar que não se repita a devastação provocada pela covid-19, que infectou pelo menos 175 milhões de pessoas e matou 3,7 milhões. O conselheiro científico do governo britânico, Patrick Vallance, apresentou durante a reunião as conclusões de um grupo de especialistas sobre métodos de prevenir novas pandemias. / NYT, AFP e REUTERS

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