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Gabinete de Evo Morales fica mais esquerdista

Com mudanças, governo se torna menos indigenista e reforça caráter socialista

Por Agencia Estado
Atualização:

A reforma ministerial do presidente boliviano, Evo Morales, anunciada na terça-feira à noite, reforça o caráter esquerdista do gabinete, com a inclusão de sindicalistas e ex-dirigentes de ONGs de tendência socialista em substituição a políticos vinculados a entidades indigenistas. Entre os ministros que deixaram o gabinete estão o ativista indígena Félix Patzi, que era o titular da pasta de Educação, e Hugo Salvatierra, que era responsável pelo Desenvolvimento Agrário e vinculado aos movimentos indigenistas camponeses de Santa Cruz. No lugar de Patzi, assumiu Víctor Cáceres Rodríguez, militante do Partido Comunista e dirigente sindical dos professores da rede pública. O Ministério do Desenvolvimento Agrário foi ocupado por Suzana Rivero Guzmán - ex-jornalista e pesquisadora do Centro de Estudos Jurídicos e Sociais (CEJS), uma ONG de orientação socialista. No total, Evo substituiu 7 dos 16 ministros. O ex-sindicalista e militante de esquerda Walter Delgadillo assumiu o Ministério do Trabalho. Alfredo Rada, ex-vice-ministro de Coordenação com Movimentos Sociais, ocupou a pasta do Interior. A sindicalista cocaleira Celima Torrico, da região de Chapare, onde Morales começou sua carreira política, foi nomeada para o Ministério da Justiça, em meio a críticas da oposição - que a acusa de ter instigado recentes protestos violentos que exigiam a renúncia do governador opositor de Cochabamba, Manfred Reyes Villa, nos quais duas pessoas morreram. O novo responsável pela pasta de Obras Públicas é Jerjes Mercado, ex-ministro de Eletricidade que viveu e estudou em universidades de Moscou. O economista Gabriel Loza, considerado um tecnocrata, assumiu o Ministério do Planejamento. As mudanças no gabinete de Evo tiveram origem na semana passada, com a renúncia do ex-ministro de Obras Públicas Salvador Ric, próspero empresário de Santa Cruz que deixou o cargo denunciando a ?intransigência? tanto do governo quanto da oposição, ?o que não permitiu a construção de pontes de diálogo? entre o Altiplano andino e os departamentos do leste e sul do país que exigem mais autonomia.

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