16 de dezembro de 2010 | 19h27
Empreitada no Afeganistão é 'difícil', disse Obama
O presidente americano, Barack Obama, disse nesta quinta-feira que os Estados Unidos e seus aliados estão no caminho certo para desmontar as operações extremistas no Afeganistão e no Paquistão, mas ressaltou que os ganhos "ainda são frágeis e reversíveis".
"Não há dúvidas de que estamos livrando mais áreas do Talebã, e mais afegãos estão reivindicando suas comunidades de volta".
Em discurso à imprensa por conta da revisão anual estratégica para o Afeganistão e o Paquistão, apresentada nesta quinta, o presidente americano agregou que a guerra "continua a ser uma empreitada muito difícil".
"Mas, graças ao serviço extraordinário de nossas tropas e nossos civis, estamos no caminho para conquistar nossos objetivos".
Desafios
O texto da revisão afirma que a liderança da Al-Qaeda está em seu estágio mais fraco desde 2001, ano dos ataques de 11 de Setembro, e que as recentes ofensivas das tropas ocidentais e afegãs contra o Talebã estão conseguindo conter o grupo radical em grande parte do Afeganistão.
"Enquanto a estratégia mostra progressos (no combate a extremistas), o desafio segue sendo tornar nossas conquistas duráveis e sustentáveis", relata o texto.
O relatório acrescenta que os Estados Unidos fizeram progresso suficiente para iniciar uma "redução responsável" de forças no Afeganistão a partir de julho de 2011.
Os EUA pretendem encerrar as operações de combate no país em 2014 e transferi-las para o Exército afegão.
Mortes
A revisão da Casa Branca é lançada em um momento em que as mortes de civis no Afeganistão estão no seu pico desde a invasão do país, em 2001. O ano de 2010 também desponta como o mais sangrento para as tropas estrangeiras - em especial as americanas - que combatem no país.
Ao mesmo tempo, é cada vez menor o apoio dos americanos à continuidade do combate.
Em seu discurso, Obama disse que queria recordar aos americanos que o objetivo da guerra era derrotar a Al-Qaeda nas áreas tribais afegãs e paquistanesas, "de onde terroristas lançaram ataques contra nosso território e os de nossos aliados".
No caso do Paquistão - cuja fronteira porosa com o Afeganistão é vista como um bastião de extremistas -, o texto da revisão diz que Washington está "montando a fundação para uma parceria estratégica (com Islamabad) baseada em respeito e confiança mútuos" e diz que o país progrediu no combate a radicais, mas admite que a aliança bilateral ainda é "desigual".
Segundo análise do correspondente em segurança e defesa da BBC Nick Childs, a revisão é mais importante por seu tom do que por seus detalhes. O veredicto, diz ele, é que a estratégia de contrainsurgência deu resultados, mas eles não são decisivos. "São desiguais e mais lentos do que Washington esperava", diz Childs.
Além disso, ele diz que a performance das forças afegãs no combate aos radicais ainda é motivo de dúvidas, bem como a eficiência dos governos de Cabul e Islamabad.BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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