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Garantia das bases aeronavais russas é prioridade de Moscou

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Roberto Godoy

A escalada militar na Ucrânia ainda é pequena - mas a bola está no campo da Rússia e assim deve ficar. O deslocamento rumo à Crimeia de uma divisão de exército - entre 15 mil e 18 mil combatentes, mais equipamentos - em apenas 70 horas, indica que os serviços de inteligência russos esperavam a intensificação da crise política em Kiev e, assim, estavam prontos para a ação. Mais ainda, significa que as bases aeronavais de Sebastopol e Karantinaya são intocáveis. Virtualmente arruinadas depois da extinção da União Soviética, em 1991, as instalações foram recuperadas ao custo estimado de US$ 2,7 bilhões a partir de 2003. Repletas de sistemas eletrônicos para captação de dados fornecidos pela constelação de satélites da Rússia, abrigam um contingente de tamanho não revelado e uma significativa força naval.

Em regime permanente, dois submarinos de ataque, lançadores de mísseis táticos de cruzeiro (ogiva de 700 kg, alcance de 450 km) e de torpedos de 533 milímetros, lideram 3 destróieres, 2 fragatas e 20 embarcações leves. O inventário soma dois navios anfíbios, para transporte e desembarque de tropas de assalto, além de helicópteros de diversos tipos, incluso no lote um esquadrão equipado com a versão armada do Mi-35, semi couraçado. Ao lado, sob comando conjunto, o grupamento aéreo reúne 31 caças supersônicos, 7 jatos subsônicos de ataque ao solo e dois grandes cargueiros, eventualmente empregados no lançamento de paraquedistas da infantaria naval.

As forças russas somam, no total, cerca de 850 mil militares, ante os 129 mil da Ucrânia. Os três Exércitos de Foguetes Estratégicos sob comando de Moscou dispõem de 4.645 armas nucleares, 1,7 mil das quais embarcadas em mísseis capazes de cruzar até 16 mil km - o maior arsenal dessa classe no mundo. No auge da Guerra Fria, 1,9 mil ogivas e bombas atômicas estavam estocadas em território ucraniano. Ao menos 220 lançadores interc0ntinentais foram feitos na fábrica local de Yuzhmash. Em 1994, um compromisso trilateral (Kiev, Moscou, Washington) determinou o desmantelamento de 176 deles. As outras 44 unidades foram transferidas para instalações como as de Beloyarsk, preparadas para o desmanche final. A Ucrânia, todavia, teve acesso a todas as tecnologias da produção dos dispositivos nucleares e dos seus vetores.

A aviação, embora limitada pelo número de aeronaves, apenas 211, faz um eficiente controle do espaço por meio de radares de produção própria. Tanques e blindados também saem da protegida fábrica de Karkhiv.

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