Garcia promete ingresso "imediato" no Mercosul

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Por Agencia Estado
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O candidato à presidência Alan García disse ontem que, se for eleito, buscará negociar "de imediato" o ingresso do Peru no Mercosul. O objetivo, disse García, que segue de perto Alejandro Toledo nas pesquisas de intenção de voto para o segundo turno no próximo domingo, seria "enfrentar em melhores condições a entrada na Alca (Área de Livre Comércio das Américas)". "A Alca é um fato, como o capitalismo, a globalização e a sociedade da informação", ensinou o ex-presidente. "Se ela vem de qualquer jeito, preparemo-nos o melhor possível para ela." Durante debate com o candidato na manhã desta seta-feira, um líder sindical disse que a Alca mataria a Comunidade Andina, que reúne o Peru, Equador, Bolívia, Colômbia e Venezuela. "A Comunidade Andina é uma ilusão de 1969, superada pela maior gravitação em torno das economias do Brasil e da Argentina", respondeu García. "A Alca é essencialmente positiva, é uma aventura fascinante para qualquer produtor agroindustrial peruano", empolgou-se o candidato do tradicional Partido Aprista, de esquerda. "Ela abre uma possibilidade imensa para pequenos países terem acesso a um mercado de 800 milhões de consumidores com poder aquisitivo 10 ou 15 vezes o dos peruanos." "Quero que a Alca venha o quanto antes", reiterou García, admitindo que o empresariado peruano terá de preparar-se para a liberalização do comércio, assimilando tecnologia e aumentando sua competitividade. O candidato criticou o "imenso erro" do ex-presidente Alberto Fujimori de abrir o mercado peruano sem negociar contrapartidas dos outros países: "A redução das tarifas alfandegárias deve ser paulatina, enquanto se atrai tecnologia para o país." Entretanto, para que os investimentos externos e, com ele, a tecnologia, venham ao Peru, argumentou García, o próximo governo precisará mostrar-se disposto a cumprir os contratos e compromissos do país. O líder aprista, que, quando presidente (1985-90), nacionalizou os bancos, tem se esforçado para demonstrar à comunidade financeira internacional seu compromisso com o livre mercado e sua aceitação da globalização como dado de realidade. Depois da publicação, no domingo, de pesquisa do Instituto Apoyo, indicando empate técnico entre Toledo e García, o Banco Central teve de vender US$ 10 milhões para conter a desvalorização do sol, e os títulos da dívida externa peruana caíram entre 2,8% e 4,1%. O candidato do Partido Aprista disse que se reuniu na quinta-feira com executivos do J.P. Morgan, que faz avaliações do risco dos países, e que, em conseqüência da conversa, os títulos da dívida peruana subiram um pouco durante a tarde. García declarou que proporá, também, na Conferência Ibero-Americana, em novembro, um acordo entre os governos latino-americanos para conter a compra de armamentos, de maneira a canalizar os recursos para outras prioridades. "Quando o Chile compra aviões ou o Brasil compra um porta-aviões, o Peru também tem de correr atrás e investir em armamentos", raciocinou o candidato. "O Brasil não tem nem eletricidade, mas compra porta-aviões."

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