Garzón quer interrogar Kissinger em Londres

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Por Agencia Estado
Atualização:

O juiz espanhol Baltasar Garzón quer interrogar em Londres o ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger pelos delitos de terrorismo, genocídio e tortura supostamente cometidos no âmbito da "Operação Condor", de repressão coordenada entre as ditaduras dos anos 70 no Cone Sul latino-americcano, informou a emissora de rádio espanhola Onda Cero. Garzón pediu autorização às autoridades britânicas para interrogar Kissinger em 24 de abril por seus vínculos com esse plano represssivo, à frente do qual - segundo denúncias de entidades humanitárias -, esteve o ex-ditador chileno Augusto Pinochet, e que o juiz espanhol investiga no âmbito de sua atuação contra os responsáveis pela desaparição forçada de pessoas na Argentina e no Chile. Em 24 de abril, o ex-secretário americano vai participar da convenção "Directors Annual Convention", no Albert Hall, da capital britânica. Garzón, um investigador da Corte Nacional espanhola conhecido por sua perseguição a narcotraficantes e terroristas na Espanha e no exterior, pediu à Interpol que confirme "sem demora" a presença de Kissinger em Londres, antes de ordenar a formação de uma comissão em caráter de urgência para tomar as declarações de Kissinger. O advogado Juan Garcés, da ação popular que investiga episódios no Chile e também o desaparecimento de centenas de cidadãos espanhóis na Argentina durante o regime militar de 1976 e 1983, pediu a Garzón que interrogasse Kissinger "levando em conta o direto e amplo conhecimento que tem das atividades terroristas internacionais realizadas no âmbito da Operação Condor". O ex-secretário de Estado cancelou recentemente uma visita a São Paulo, Brasil, devido a eventuais protestos de que poderia ser alvo por parte dos grupos "Resistência Global" e por temer possíveis complicações legais. Juízes de pelo menos outros dois países, Argentina e Chile, também querem interrrogar Kissinger sobre seus vínculos com as ditaduras militares do Cone Sul.

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