Generais do Egito dizem aceitar troca de comando

Presidente afirma que destituição da cúpula militar ligada a Mubarak não foi pessoal

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Por Redação
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CAIRO - Generais egípcios afastaram nesta segunda-feira, 13, temores de um embate entre militares e civis pelo poder, indicando que aceitam a destituição do comando das Forças Armadas. A mudança foi determinada no domingo pelo primeiro presidente eleito do Egito, Mohamed Morsi. Do outro lado, Morsi também buscou demonstrar que não quer o confronto – ele elogiou a "missão sagrada" dos militares e disse que as mudanças "beneficiam toda a nação".

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Entre os comandantes afastados está o poderoso ministro da Defesa e ex-chefe da junta militar que governava o Cairo, marechal Mohamed Hussein Tantawi. O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e os comandantes das três forças também foram destituídos ou realocados em postos secundários.

Os generais comandaram o Egito por seis décadas e, após a queda de Hosni Mubarak, tentaram se blindar contra a emergência de um poder civil. No governo interinamente após o fim do regime Mubarak, o Comando Supremo das Forças Armadas (CSFA) dissolveu em junho o Parlamento dominado por partidos islamistas e limitou os poderes da presidência – medida revertida no domingo por Morsi.

"A decisão que tomei não foi dirigida a uma pessoa em especial nem tinha por objetivo prejudicar uma instituição ou cercear liberdades", garantiu o presidente em suas primeiras declarações sobre as destituições. "Tampouco quis enviar uma mensagem negativa sobre uma determinada pessoa. Meu objetivo foi o benefício dessa nação e desse povo", completou.

Morsi ainda elogiou os militares, cujo regime lhe rendeu anos na prisão. "As Forças Armadas têm a sagrada missão de proteger a nação."

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Fontes militares, citadas em condição de anonimato pela imprensa egípcia, indicam que a mudança no comando militar foi acordada diretamente com os generais. Um oficial garantiu à agência estatal de notícias que "não houve reação negativa" às decisões.

Em entrevista à Reuters, o general Mohamed al-Assar, integrante do CSFA, afirmou que a troca na cúpula das Forças Armadas "teve base em consultas com o marechal (Tantawi) e o restante do conselho militar".

O escritório da presidência anunciou que Tantawi e o chefe do Estado-Maior receberão a mais alta condecoração do governo egípcio, a medalha do Nilo, e passarão a atuar como "conselheiros". O cargo dos dois foi ocupado cumulativamente pelo general Abdul Fattah al-Sisi – que estudou em academias militares dos EUA e teria a confiança de Washington.

Não está claro, porém, até onde foi a anuência dos militares com a mudança de comando. Na semana passada, Morsi afastara o ministro da Inteligência – tido como um remanescente da ditadura Mubarak – após militantes islâmicos matarem 16 guardas de fronteira do Egito na Península do Sinai. O presidente também ordenara a destituição do presidente da polícia nacional, instituição que comandou a repressão aos protestos iniciados em janeiro de 2011.

Resta ainda a Suprema Corte se pronunciar sobre a decisão do presidente de reverter o decreto militar que limitava seus poderes. O Judiciário, por enquanto, permanece calado

Quadro histórico da Irmandade Muçulmana, maior grupo de oposição na era Mubarak, Morsi foi eleito em junho.

Com Reuters 

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