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General dissidente estima que 98% dos militares desertaram

Ordem de disparar contra manifestantes e o uso dos mercenários para atacar civis [br]motivaram abandonos

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Por Lourival Sant'Anna
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O general Suleiman Hassan, do Corpo de Engenharia do Exército líbio, tem uma estimativa bastante favorável ao movimento que busca a derrubada do ditador Muamar Kadafi: segundo ele, 98% dos militares aderiram. "Espero que o regime caia dentro de dois ou três dias", disse Hassan ao Estado. O general fez um apelo para que as unidades do Exército em Trípoli apoiem a oposição. "É muito importante que os militares participem da Revolução, porque Kadafi está utilizando mercenários para atacar o povo", argumenta Hassan. "Por dinheiro, existem pessoas que estão matando os nossos filhos."Hassan explica as razões que levaram os militares líbios a romper com o regime: a ordem de disparar contra os manifestantes e, uma vez desobedecida, o uso dos mercenários para atacar os civis. De acordo com o general, os mercenários, recrutados principalmente na África negra, vieram em vôos fretados por Kadafi para cumprir a tarefa recusada pelos militares. A relação de Kadafi com grupos armados da região é antiga. O ditador líbio financiou, por exemplo, rebeldes no Chade para atuarem contra as Forças Armadas sudanesas em Darfur, região que busca mais autonomia em relação ao governo central do Sudão.A recusa dos militares de sustentar o regime foi determinante. Ordens como a de bombardear manifestantes com aviões de guerra ou utilizar navios para atacar os jovens que cercavam o complexo que abriga as forças especiais em Benghazi permitiram a vitória da oposição e a romper o mito sobre o poder de Kadafi. Os movimento de deserção em massa começou com dois pilotos da Força Aérea, há exatamente uma semana. Na ocasião, os dois coronéis levaram seus caças para Malta, onde disseram às autoridades que haviam recebido ordens para bombardear manifestantes. Na quarta-feira, outros dois pilotos desertaram ao se ejetar durante o voo.

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