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General egípcio quer mandato antiterror

Após líder militar convocar população a 'unir-se ao Exército', EUA desistem de enviar jatos

Por CAIRO
Atualização:

O chefe do Exército egípcio, general Abdel Fattah al-Sisi, chamou ontem os defensores do golpe militar que derrubou o presidente Mohamed Morsi a ocupar as ruas amanhã em uma manifestação "contra a violência e o terrorismo". Após a convocação, o presidente dos EUA, Barack Obama, suspendeu a entrega de quatro caças F-16 ao país.

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Em uma cerimônia de formação de cadetes, Sisi afirmou que uma grande manifestação daria a ele legitimidade para fazer o que é necessário para combater o derramamento de sangue no país. "Saiam (às ruas) para me dar o mandato e a ordem para confrontar a violência e o potencial terrorismo", declarou Sisi.

Com o pedido, o general pretende pressionar a Irmandade Muçulmana, grupo de Morsi que está mobilizado contra a sua destituição. "Nesta sexta-feira (amanhã), todo egípcio honrado e honesto precisa se manifestar e lembrar o mundo inteiro que tem vontade e determinação própria", disse.

"Por favor, assumam a responsabilidade comigo, com seu Exército, com a polícia e mostre seu tamanho e sua firmeza diante do que está ocorrendo."

Poucas horas depois, o secretário de Defesa dos EUA, Chuck Hagel, telefonou para o general Sisi e informou a decisão do governo americano de cancelar o envio dos jatos. Segundo o porta-voz do Pentágono, George Little, os dois discutiram a convocação de protestos feita pelo militar.

Os caças faziam parte do pacote anual de US$ 1,3 bilhão de ajuda militar ao Egito. Segundo o Pentágono, o cancelamento ocorreu em razão do cenário instável após o golpe e teve o respaldo de toda a equipe de segurança nacional do presidente Barack Obama. "Dada a situação atual, acreditamos não ser apropriado concluir a entrega dos F-16", declarou Little. Ele acrescentou que não é do interesse americano suspender toda a ajuda militar aos egípcios. A realização de exercícios militares conjuntos, por exemplo, está confirmada.

O Pentágono informou ainda que a Casa Branca e o Departamento de Estado estão analisando a destituição de Morsi para definir como chamá-la. Por lei, considerá-la um golpe de Estado exigiria o fim da ajuda militar ao Egito.

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"Eu alertaria contra conclusões prematuras sobre se houve ou não um golpe", disse. "Essa decisão que foi tomada sobre os caças não necessariamente reflete o que será decidido sobre esse processo."

Violência.

Desde a queda de Morsi, o Egito tem registrado uma forte escalada nos ataques atribuídos a militantes islâmicos contra as forças de segurança em todo o país, especialmente na Península do Sinai.

Na terça-feira, uma bomba explodiu diante de uma delegacia de polícia em uma cidade do Delta do Nilo, matando 4 pessoas e ferindo outras 28. Em um mês, os distúrbios já mataram 189 pessoas.

/ REUTERS, AP e AFP

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