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General não descarta uso do poder militar na Argentina

Por Agencia Estado
Atualização:

O general de divisão argentino Hernán Guillermo Olmos disse que no Exército "não se descarta" que se chegue a uma instância da crise social na qual "se tenha que decidir pelo emprego do poder militar", embora tenha esclarecido que essa situação não constitui uma hipótese que esteja sendo cogitada, informou hoje o jornal Clarín. Olmos fez essa declaração ao responder a uma pergunta sobre a eventualidade de um conflito social ou de guerra contra o terrorismo. Segundo o diário argentino, é a primeira vez que um oficial graduado admite a possibilidade. Olmos é o chefe do Segundo Corpo do Exército, sediado em Rosario e fez as declarações ontem em Puerto Iguazú, durante uma entrevista à agência de notícias Misiones On Line. O militar foi questionado sobre cursos recebidos pelos oficiais da Escola de Guerra, que contemplariam as hipóteses de conflitos sociais e de guerra antiterrorista na zona da Tríplice Fronteira. "Não estou ciente", respondeu, "mas sempre é uma possibilidade, não se descarta que a situação possa nos levar a um momento tal em que tenha que ser decidido o emprego do poder militar." Ele ressaltou, no entanto, que isso não representa no momento uma hipótese de trabalho do Exército. Fontes do Ministério da Defesa consultadas pelo jornal disseram que "não há nada fora do comum" nas declarações do general. Elas explicaram que a legislação "contempla empregar as Forças Armadas como último recurso do Estado" diante de uma eventual situação extrema como a descrita por Olmos. O chefe de imprensa do Estado-Maior do Exército argentino, coronel Ricardo Etchegaray, disse ao jornal "que não é necessário fazer mais esclarecimentos nem levantar preocupações" por causa das declarações de Olmos. "Eu também reitero que não existe nenhuma hipótese de trabalho sobre a situação social". afirmou. Etchegaray explicou que a lei de Segurança Interna prevê uma estágio de comoção social, na qual o presidente da República está capacitado a empregar as Forças Armadas no reestabelecimento da segurança interna no território nacional caso considere que as forças de segurança (polícia) tenham perdido o controle da situação. O artigo 32 dessa lei permite também ao presidente nomear para esse caso "um comandante operacional das Forças Armadas", sob a sua coordenação. "Acredito que o general quis se referir a essa instância que, naturalmente, esperamos que nunca aconteça. Seja como for, o exército atuará sempre dentro da lei", disse Etchegaray. Segundo o diário, nos últimos tempos têm circulado vários rumores sobre tentativas golpistas e talvez Olmos não tenha medido "completamente a repercussão que as suas palavras poderiam alcançar".

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