Golpe em Honduras 'não vai durar 2 ou 3 meses', diz Amorim

Em Paris, chanceler brasileiro afirmou que novo governo não tem 'legitimidade'.

PUBLICIDADE

Por Daniela Fernandes
Atualização:

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou, nesta segunda-feira, em Paris, que "a situação dos golpistas em Honduras é insustentável" e que "será muito difícil para eles se manterem no poder, porque são muito dependentes da ajuda externa". "Honduras é muito dependente da ajuda dos Estados Unidos, do Banco Mundial e de petróleo. Esse novo governo não tem possibilidade de durar dois ou três meses", disse o chanceler, que acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma visita a Paris, durante uma entrevista na embaixada brasileira na capital francesa. Além do fator econômico, Amorim afirmou que o novo governo hondurenho "não tem legitimidade internacional e nem o apoio de ninguém". O ministro disse esperar que a situação em Honduras se resolva "nos próximos dias ou semanas" e reiterou a necessidade de que haja uma solução rápida para a crise. LegitimidadeSegundo o chanceler, para o governo brasileiro, a solução para a crise em Honduras tem de passar pelo retorno do presidente deposto, Manuel Zelaya, ao poder, embora sua tentativa de retornar ao país na noite de domingo tenha fracassado. Amorim afirmou que "o novo governo (hondurenho) sequer tem legitimidade para conduzir as eleições" e, por este motivo, é preciso encontrar uma solução rápida para o golpe de Estado no país. "Se eles (os golpistas) tiverem uma atitude de intransigência, de teimosia, o temor é de que isso gere mais demonstrações (populares) e que elas sejam reprimidas com violência, o que vai agravar muito a situação", afirmou. "Não há nenhum país no mundo que se disponha sequer a ter relações diplomáticas com os golpistas. A situação deles é insustentável", afirmou o chanceler. Amorim disse ainda que os golpistas "são um tipo de direita que não tem mais lugar nem cabimento na América Latina". G8Durante a entrevista, Amorim abordou ainda os temas que serão discutidos entre os presidentes Lula e Nicolas Sarkozy, da França, em um encontro no Palácio do Eliseu, na terça-feira. Segundo ele, os dois presidentes, às vésperas da reunião do G8 (grupo de países mais ricos do mundo e a Rússia) em L'Aquila, na Itália, na quinta-feira, vão discutir temas ligados à questão da governança global. O governo francês vem defendendo um papel mais importante para os países emergentes nas organizações e fóruns internacionais. "Há uma concordância dos líderes em geral de que o G8 não é mais o instrumento adequado para lidar com os grandes temas da atualidade", disse o chanceler, ressaltando que "entre a França e o Brasil, existe uma afinidade total em relação ao reforço do G20 e à reforma do Conselho de Segurança da ONU". Amorim voltou a reiterar que, em termos de legitimidade e eficácia, o G8 "morreu", como já havia dito há três semanas, também em Paris. "Ele (o G8) nem representa mais os anseios do mundo nem tem poder mais para dizer sozinho o que vai acontecer no resto do mundo", disse Amorim. O único compromisso oficial da agenda do presidente Lula nesta segunda-feira é um jantar com o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates. Após o encontro com o presidente Sarkozy na terça-feira, Lula recebe um prêmio na Unesco por sua contribuição à defesa da paz no mundo. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.