Google fecha servidores na China

Empresa comunicou que direcionará acessos para servidor em Hong Kong, onde não há censura

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Atualização:

PEQUIM - O Google deixou de filtrar os resultados de seu site de busca na China ao redirecionar o tráfego de sua página para o servidor de Hong Kong, onde não há censura. Os visitantes do google.cn foram automaticamente direcionados para o endereço google.com.hk, informou a empresa nesta segunda-feira, 22, por meio de comunicado.

 

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Em um texto publicado no blog oficial da empresa, foi anunciado que as atividades de pesquisa e desenvolvimento devem continuar na China, bem como as vendas de espaço publicitário. Essas atividades, porém, dependerão do fluxo de acessos dos usuários chineses ao servidor de Hong Kong.

 

Em janeiro, a empresa constatou que os ataques a contas de email em seu servidor partiram de hackers da China. Como resposta, ameaçou retirar os filtros das buscas a partir de seu site para os usuários que acessassem a página em território chinês. A decisão poderia acarretar na retirada das atividades do Google no país, onde a censura é exigida para que uma página na rede seja estabelecida.

 

Desde então, a empresa tem tentado negociar com as autoridades chinesas uma maneira de manter seu site na rede sem filtrar os resultados das buscas. O Google conseguiu um bom fluxo de acessos na China, embora ainda esteja bastante atrás do buscador líder no país, o Baidu.

 

O Google chegou a ameaçar com o fechamento de suas operações na China, e as autoridades disseram que caso isso acontecesse, a empresa "sofreria consequências". Os atritos entre as partes se somaram à tensão dos EUA com os chineses sobre a venda de armas dos americanos para Taiwan, a visita do dalai-lama ao presidente Barack Obama e a falta do apoio às sanções do Conselho de Segurança contra o Irã.

 

Resposta

 

Pequim classificou a decisão do Google como "completamente equivocada" e afirmou que o portal de buscas violou "uma promessa" ao redirecionar os internautas chineses automaticamente para o servidor de Hong Kong, segundo informações da agência estatal de notícias Xinhua.

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Citando um funcionário da Divisão de Informação do Conselho do Estado Chinês, órgão que ajuda na fiscalização das leis de internet, a agência disse que o governo estava "insatisfeito e irritado" com as "acusações irracionais" do Google.

 

Casa Branca

 

A Casa Branca se disse desapontada com a falta de acordo entre o Google e a China de estabelecer um sistema que permitisse à empresa operar no país sem ferir as exigências do governo. "Estamos desapontados que o governo chinês e o Google não conseguiram chegar a um acordo que permitiria ao portal de buscas continuar operando seus serviços na China por meio do domínio google.cn", disse Mike Hammer, porta-voz do Conselho de Segurança da presidência dos EUA.

 

"Os funcionários da Segurança Nacional foram informados pelo Google pouco antes do anúncio oficial. O site tomou a decisão com base no acredita serem seus interesses", disse Hammer.

 

O porta-voz, porém, disse que o episódio não deverá estremecer as relações entra os governos americano e chinês. "As relações entre as duas nações é madura o bastante para superar as diferenças. Enquanto procuramos expandir a cooperação em assuntos de interesse mútuo com a China, nós vamos tentar resolver candidamente os pontos de desacordo", completou.

 

(Com informações das agências Associated Press e Reuters)

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