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Governador admite que faltam policiais contra talebans

Durante a última semana, mais de 350 pessoas morreram em atos de violência no Afeganistão

Por Agencia Estado
Atualização:

Os moradores das zonas rurais de Kandahar denunciaram a incapacidade do governo afegão de controlar os talebans, enquanto o governador da província, Asadullah Khalid, reconheceu nesta quinta-feira a escassez de policiais na área. "Neste momento, não temos forças policiais suficientes, que por lei seriam de 40 agentes por distrito. Para algumas províncias que têm mais de 100.000 habitantes, isso não é suficiente", disse Khalid em Kandahar. Durante a última semana, mais de 350 pessoas morreram em atos de violência no Afeganistão, muitas delas em Kandahar, sul do Afeganistão, onde no domingo morreram entre 16 e 35 civis em um ataque aéreo americano, cujo objetivo era acabar com um suposto esconderijo taleban. Embora o número oficial seja de 16 civis mortos, parentes das vítimas disseram que morreram 26 membros de uma família e nove de outra. A fuga Enquanto isso, centenas de pessoas começaram a fugir das áreas afastadas da capital por temerem novos ataques. "Tememos que esse tipo de ataque aumente a tensão e a desconfiança entre o governo afegão e o povo, pois cada vez mais pessoas das zonas rurais poderiam decidir se unir aos talebans", disse o chefe da Comissão Independente Nacional de Direitos Humanos, Abdul Qadir Noorzai. Nas zonas rurais de Kandahar, os habitantes são obrigados a "cooperar" com os talebans, diante da ausência de forças de segurança suficientes e porque o governo não tem controle da situação, segundo disseram nesta quinta vários moradores da área. "O governo é muito fraco fora da cidade de Kandahar. Portanto, se não cooperarmos com os talebans, podemos ter problemas", explicou Bakih, de 54 anos, residente de um povoado do interior do Afeganistão. O governador de Kandahar concorda com a existência de corrupção em Kandahar e em outros lugares do Afeganistão. Para Khalid, há a necessidade de "um aumento significativo das forças policiais" em determinados distritos. O governador atribuiu a crescente força dos rebeldes à "pressão de alguns países estrangeiros para que os talebans realizem uma operação séria, mais que atentados suicidas ou guerra de guerrilhas, para mostrar ao mundo sua presença e fazer crescer o temor no Afeganistão". A origem taleban Muitos dos ataques violentos ocorridos neste ano em Kandahar, berço dos talebans, foram atentados suicidas, pelos quais o governador de Kandahar culpa terroristas treinados no Paquistão. "Sabemos, com total segurança, que os talebans vêm do Paquistão e que os principais líderes do grupo vivem no país com suas famílias", disse Khalid. Segundo o governador de Kandahar, há centros de treinamento para terroristas suicidas "dentro da cidade de Quetta (capital da província paquistanesa de Baluchistão) e em outras localidades paquistanesas". "Por motivos de segurança, não posso dizer o lugar exato onde ficam esses centros de treinamento. Mas eles estão em lugares como Pashtunabad, Newi Kily, Quechlak, e se alguém for a lugares como Nizam Chawk ou Meta Chawk depois da oração da sexta-feira, verá muitos talebans", disse. Khalid garantiu que "os terroristas suicidas recebem cursinhos antes de vir ao Afeganistão" e "aprendem, além de fazer bombas, como usá-las". O governador de Kandahar também defende que "muitas madrassas (escolas islâmicas) de Karachi, no sul do Paquistão, estão sendo usadas como lugares de recrutamento para os talebans".

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