Governador cristão de Jacarta é preso por blasfêmia contra o Islã

Decisão ocorre em meio a preocupações sobre a crescente influência de grupos islâmicos na Indonésia

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JACARTA - O governador cristão de Jacarta foi condenado a dois anos de prisão por blasfêmia contra o Islã nesta terça-feira, 9. A decisão foi considerada mais dura do que o esperado e está sendo vista como um golpe contra a tolerância religiosa na Indonésia, a maior nação de maioria islâmica do mundo.

O veredicto de culpa ocorre em meio a preocupações sobre a crescente influência de grupos islâmicos no país, que organizaram uma demonstração em massa durante uma tumultuosa campanha de eleição que terminou com Basuki Tjahaja Purnama sendo derrotado em sua campanha à reeleição como governador.

Apoiadores do atual governador da Província de Jacarta, Basuki Purnama, protestaramem frente aoTribunal do Distrito contra a sentença que o condenou a dois anos de prisão Foto: Mast Irham/EFE

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Purnama foi acusado em novembro de 2016 por supostamente criticar o versículo 51 do Alcorão, algo que o político assegura que foi manipulado. Ele e seus advogados afirmaram que vão recorrer da decisão judicial.

O presidente Joko Widodo era um aliado de Purnama, um cristão de etnia chinesa popularmente conhecido como Ahok, e o veredicto será um retrocesso para um governo que tem tentado reprimir grupos radicais e tranquilizar as preocupações de investidores de que os valores seculares do país estariam em risco.

Enquanto milhares de defensores e adversários do governador esperavam do lado de fora, o principal juiz da Corte de Jacarta, Dwiarso Budi Santiarto, disse que foi "considerado (que Purnama) conduziu legitimamente e convincentemente um ato criminal de blasfêmia, e em razão disso nós impusemos um aprisionamento de dois anos".

A decisão acontece um dia depois de o governo ter dissolvido o grupo Hizbut Tahrir Indonésia (HTI), por considerar que ele contradiz os princípios de unidade e diversidade nacional.

A Indonésia é o país com mais muçulmanos do mundo: 88% de seus 250 milhões de habitantes são islâmicos, a maioria de forma moderada. / REUTERS e EFE

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