Governador italiano diz que política antimáfia 'deveria ser morta'

Para Vincenzo De Luca, governador de Campânia, afirmação de Rosy Bindi - diretora do comitê antimáfia do Parlamento - de que ele não deveria disputar o cargo era um 'ato hediondo' e ela merecia ser morta por isso

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ROMA - O governador de uma região no sul da Itália está sendo duramente criticado no país depois de afirmar que a diretora do comitê antimáfia do Parlamento merecia ser morta. Vincenzo De Luca, governador de Campânia - origem da notória máfia da Camorra -, fez a declaração sobre política Rosy Bindi em entrevista a um talk show televisivo transmitido no horário nobre. 

"O que Rosy foi um ato hediondo e ela deveria ser morta por isto", afirmo De Luca. No ano passado, Rosy afirmou que o político não reunia condições para concorrer ao governo de Campânia por ser réu em um processo no qual é acusado de conspiração e abuso de autoridade. De Luca venceu a eleição na região e, em setembro, um tribunal cancelou as acusações contra ele.

Governador de Campânia, na Itália, disse que política antimáfia deveria ser morta Foto: REUTERS/Ciro De Luca/File Photo

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Tanto De Luca quanto Rosy são membros do Partido Democrático (PD), do primeiro-ministro Matteo Renzi. Depois da repercussão negativa do caso, Renzi se manifestou condenando a atitude do governador. "As palavras dele foram totalmente inaceitáveis", disse o premiê. 

O jornalista e escritor italiano Roberto Saviano, autor do best-seller Gomorra - sobre a máfia de Náples -, afirmou que a declaração feita por De Luca foram "vulgares e com estilo de mafioso". Já o presidente do Senado italiano, Pietro Grasso, um ex-procurador que atuou contra a máfia, disse que na política "algumas coisas não deveriam nem ser pensadas e, muito menos, faladas".

Nas últimas quatro décadas, a máfia italiana matou mais de 130 autoridades eleitas e administradores locais.

Na quinta-feira, De Luca afirmou que "respeitava" Rosy, mas que não faria um pedido de desculpas. Ele afirmou ainda ter feito o comentário pensando que as câmeras não estavam mais gravando e ameaçou processar a emissora que exibiu a declaração pelo que qualificou como um "ato de delinquência jornalística". / REUTERS

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