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Taleban toma Herat e Kandahar e governo afegão sugere partilha de poder para conter ofensiva

Termos da proposta, que ainda não foi confirmada oficialmente por Cabul, ainda são uma incógnita, assim como resposta do grupo extremista

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Por Redação
Atualização:

CABUL - O grupo radical islâmico Taleban conseguiu ontem outra importante vitória militar ao capturar Herat e Kandahar, duas das cidades mais importantes do Afeganistão. Diante da rapidez do avanço taleban, o governo central em Cabul propôs um acordo de partilha de poder em troca do fim da operação militar. Com forças do Taleban a 150 km da capital, o Pentágono pretende iniciar no máximo até amanhã a retirada de diplomatas americanos da embaixada em Cabul. 

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Segundo uma fonte do governo afegão, a proposta para dividir o comando do país foi apresentada aos mediadores do Catar, onde ambos os lados se reúnem para negociações de paz. A informação também foi noticiada pela Al-Jazeera e por uma série de veículos locais, mas os termos apresentados ainda não estão claros. O Taleban também não comentou a oferta.

Herat caiu após semanas de conflitos. “Tivemos que deixar a cidade para evitar 'mais destruição”, disse uma fonte militar afegã. Após a retirada, os rebeldes hastearam sua bandeira no topo no quartel policial da cidade. Não houve resistência.

Chefe do alto Conselho de reconciliação nacional do Afeganistão, Abdullah Abdullah, atravessa o saguão de um hotel durante as negociações no Catar. Foto: KARIM JAAFAR/ AFP

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“O inimigo fugiu. Dezenas de veículos militares, armas e munições caíram nas mãos dos rebeldes”, afirmou Zabihullah Mujahid, porta-voz do Taleban.

Nas últimas semanas, Herat foi palco de intensos combates entre insurgentes e o Exército, apoiado pelas milícias de Ismail Khan, um conhecido senhor de guerra local. O Taleban já havia tomado grande parte da província, inclusive a passagem fronteiriça de Islam Wala, um importante ponto de troca comercial com o Irã.

Em outra importante vitória militar, o Taleban capturou Ghazni, que fica na rota entre Kandahar – a capital cultural do país – e Cabul. Com Kandahar também em mãos rebeldes, a ofensiva sobre Cabul torna-se iminente. Há tropas taleban a 150 km da capital. 

Militantesdo Taleban patrulham a cidade de Ghazni após tomarem a casa do governador. Foto: EFE/EPA/NAWID TANHA

A rapidez da ofensiva preocupa os Estados Unidos. Os serviços de Inteligência americanos estimam que o grupo extremista poderá cercar Cabul entre 30 e 60 dias e tomar a cidade em três meses, mas a dificuldade de resistência do governo central pode tornar essa previsão obsoleta.  A situação fluida, no entanto, fez o Pentágono montar uma operação para retirar diplomatas e civis de Cabul. 

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A operação envolve três batalhões de infantaria e cerca de 3 mil fuzileiros navais. O trabalho diplomático será mantido, apesar da equipe reduzida, afirmou o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price.

A Embaixada americana em Cabul tem cerca de 4 mil funcionários. O número de civis é desconhecido. Price disse a repórteres em Washington que a retirada, que inclui cerca de 1.400 cidadãos americanos, ocorreria nos próximos dias. As medidas indicam que o governo Biden tem dúvidas sobre a capacidade do governo afegão de fornecer segurança diplomática suficiente na capital.

Homem das forças de segurança do governo afegão confere documentos de motorista em check point em Kandahar. Foto: EFE/EPA/M SADIQ

Pela manhã, a embaixada enviou o último de uma série de alertas alarmantes, instando os americanos a deixar o Afeganistão imediatamente usando as opções de voos comerciais disponíveis.

Os Estados Unidos continuam a apoiar os militares afegãos com ataques aéreos limitados, mas eles não fizeram uma diferença estratégica até agora e estão programados para terminar quando os EUA encerrarem formalmente seu papel na guerra em 31 de agosto.

O presidente americano, Joe Biden, poderia continuar os ataques aéreos além dessa data, mas dada sua posição firme sobre o fim da intervenção americana no Afeganistão, que já dura quase 20 anos isso parece improvável. / AP, AFP e NYT

Forças de segurança do Paquistão escoltam ambulância transportando homem que morreu na espera pela reabertura da fronteira com o Afeganistão, em Chamam. Foto: EFE/EPA/AKHTER GULFAM
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