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Governo argentino teria trocado votos por liberdade de Menem

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo argentino teria oferecido a liberdade do ex-presidente Carlos Menem, agora em prisão domiciliar preventiva, em troca do voto dos parlamentares oposicionistas permitindo a aprovação da lei de ajuste das contas públicas, segundo declarações de uma "alta fonte do Senado" mencionadas hoje pelo diário Página 12. A fonte citada pelo diário de Buenos Aires foi explícita: "O governo ofereceu a liberdade de Carlos Menem em troca do apoio dos senadores justicialistas (peronistas) à propulgação da lei do déficit zero." O ex-mandatário argentino, também presidente do opositor Partido Justicialista, está sob prisão preventiva como suposto chefe da associação ilícita que teria organizado a venda ilegal de armas ao Equador e à Croácia, numa transação em que "sumiram" US$ 60 milhões. A lei do déficit zero confirmou o ajuste dos gastos públicos enfrentado pelo governo para equilibrar as contas do Estado e eliminar o déficit fiscal. A aprovação desta lei foi interpretada como um gesto de apoio do peronismo ao governo do presidente Fernando de la Rúa. No momento em que a lei foi submetida a votação no Senado, só um legislador peronista votou a favor, ao passo que a maioria dos peronistas votou contra. Mas vários opositores deixaram o recinto, permitindo que o situacionismo, majoritário na Câmara Alta, vencesse. Segundo a fonte mencionada pelo jornal, o encarregado de oferecer a liberdade de Menem em troca do apoio para a aprovação da lei foi o dirigente da União Cívica Radical (UCR, governista) Enrique Nosiglia, e quem teria recebido a proposta foram os senadores peronistas Eduardo Menem, irmão do ex-presidente, Eduardo Bauzá e Carlos Corach, ambos ex-ministros menemistas. A notícia do diário afirmou também que o próprio Corach comentou diante de senadores peronistas ter dialogado com "enviados do situacionismo sobre o levantamento das restrições impostas pelo juiz (Jorge) Urso, encarregado do processo sobre a venda de armas". O jornal assinalou que "até agora ninguém havia mencionado que o governo pensava em exercer toda a sua influência sobre a Segunda Sala da Câmara Federal do Tribunal (segunda instância na causa da venda de armas) para conseguir que Carlos Menem ficasse em liberdade". Citando outras fontes, o diário avaliou que "não vai ser muito fácil para a Segunda Sala desmontar a resolução de Urso porque o juiz, para determinar a prisão do ex-presidente, apoiou-se exatamente numa resolução dos integrantes da câmara que lhe ordenaram investigar (pessoas) acima do ex-chefe do Exército Martín Balza". Balza, a exemplo do ex-ministro da Defesa e de outras pastas Antonio Ermán González e do ex-assessor e ex-cunhado de Menem Emir Yoma, está em prisão preventiva como suposto organizador da associação ilícita.

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