Governo Biden divulga planos para combater terrorismo interno, após ataque ao Capitólio

Washington também solicitou mais de US$ 100 milhões no orçamento de 2022 para uma possível contratação de promotores, investigadores e analistas

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - O governo dos EUA anunciou nesta terça-feira, 15, uma "estratégia nacional" para combater o terrorismo interno, uma das prioridades do presidente Joe Biden após vários ataques racistas nos últimos anos e a invasão da sede do Congresso, em janeiro. Washington também pediu mais de US$ 100 milhões no Orçamento de 2022 para uma possível contratação de promotores, investigadores e analistas.

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Segundo o The New York Times, o plano de 32 páginas sintetiza etapas que foram recomendadas por funcionários de segurança nacional — incluindo o fortalecimento das relações com empresas de mídia social e melhoria do compartilhamento de informações entre as agências de aplicação da lei. O plano visa identificar extremistas de forma mais eficaz no país após anos de foco em terroristas estrangeiros.

“Não podemos ignorar essa ameaça ou desejar que ela desapareça”, escreveu Biden no documento de estratégia. “Prevenir o terrorismo interno e reduzir os fatores que o alimentam exige uma resposta multifacetada em todo o governo federal e além.”

Explosão causada por uma munição policial é vista enquanto apoiadores de Donald Trump se reúnem em frente ao Capitólio dos EUA Foto: Leah Millis/ Reuters

O plano articula-se em quatro pilares, que propõem linhas gerais e não medidas concretas, com objetivos de “prevenção, bloqueio e dissuasão”, mas preservando as liberdades individuais.

Primeiro, o governo Biden quer melhorar a troca de informações nos níveis federal e local sobre grupos extremistas e milícias. Nesse sentido, o Departamento de Justiça e a Polícia Federal (FBI) desenvolveram um novo sistema nacional para relatar e registrar casos relacionados ao terrorismo.

O governo também quer reduzir o recrutamento de extremistas violentos e o incitamento à violência em colaboração com grandes plataformas de tecnologia e redes sociais, além de melhorar o sistema de acusação para extremistas, contratando analistas, investigadores e promotores adicionais, garantindo ainda que militantes extremistas não sejam recrutados pela polícia ou pelo Exército.

Já o quarto eixo consiste na luta contra os "contribuintes de longo prazo" para o terrorismo, que são "as desigualdades econômicas, aqueles que se sentem excluídos da economia do século XXI, o racismo estrutural e a proliferação de armas", explicou um alto funcionário do governo a repórteres.

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Extremistas violentos "são uma grande ameaça para o país em 2021", disse ele. As duas ameaças mais "mortais", especificou, são partidários da supremacia branca e membros de milícias antigovernamentais. Mas este plano é "ideologicamente neutro" e aborda todas as formas de terrorismo, acrescentou.

O Departamento do Tesouro está sendo direcionado para investigar aqueles no exterior que possam estar apoiando financeiramente extremistas internos. A estratégia também diz que o governo trabalhará para usar listas de vigilância de terrorismo para reprimir grupos no exterior que apóiam extremistas nos Estados Unidos.

Faltam respostas

O plano, intitulado “Estratégia Nacional de Combate ao Terrorismo Doméstico” e divulgado pelo Conselho de Segurança Nacional, porém, deixou algumas questões sem resposta.

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Esperava-se que a nova estratégia detalhasse uma posição sobre se o governo deveria estabelecer uma lei de terrorismo interno que os promotores pudessem usar para investigar e acusar extremistas locais em vez de confiar em acusações já tipificadas de agressão, assassinato e crimes de ódio. 

No entanto, a estratégia indica que o governo está focado, por enquanto, em reforçar os métodos de combate ao extremismo já usados pelo governo, apesar de Biden ter pedido essa lei durante a campanha presidencial.

Embora haja um apoio bipartidário crescente para equipar os promotores com mais leis para reprimir os extremistas, os defensores dos direitos civis expressaram a preocupação de que novas medidas legais levariam a violações dos direitos à privacidade. 

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O governo encaminhou a questão ao Departamento de Justiça para análise posterior, conforme o documento de planejamento. “Novas leis criminais, em particular, devem ser buscadas somente após uma consideração cuidadosa de se e como elas são necessárias para ajudar o governo a enfrentar desafios complexos e multifacetados, como aquele representado pelo terrorismo doméstico, e apenas enquanto garantir a proteção dos direitos e liberdades civis”, afirma o documento de estratégia.

Outros esforços para investigar o extremismo, incluindo uma comissão para examinar a invasão ao Capitólio, foram bloqueados pelos republicanos.

Escadarias do Capitólio são preparadas para posse de Joe Biden Foto: Patrick Semansky/Pool via Reuters

Biden prometeu em seu discurso de posse em 20 de janeiro que o país "derrotará o extremismo político, a supremacia branca e o terrorismo doméstico". Em março, o chefe do FBI, Christopher Wray, disse ao Congresso que o número de investigações federais sobre "terrorismo doméstico" dobrou de 1 mil para 2 mil desde que ele assumiu o cargo em 2017.

O país ficou chocado com a invasão do Capitólio, sede do Congresso americano, em janeiro por partidários de Trump. Quase 500 pessoas foram presas por seu envolvimento em diferentes níveis no ataque, de acordo com o FBI.

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