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Governo britânico oculta ação de hackers

Ministros são acusados de não revelar extensão de danos e pressionados a adotar posição mais dura com a China

Por The Guardian e Ap
Atualização:

Ministros britânicos foram acusados de tentar acobertar a extensão dos ciberataques contra a chancelaria e pressionados a adotar uma posição mais dura com a China com relação aos incidentes. O jornal britânico The Guardian publicou na quarta-feira que hackers chineses, suspeitos de fazer parte do Exército de Libertação do Povo, haviam atacado a rede de computadores de departamentos do governo britânico, entre eles o Ministério de Relações Exteriores. A chancelaria não quis discutir os ataques, dizendo apenas que não comentaria questões de segurança. O Guardian soube que outros importantes órgãos do governo foram atacados pelos piratas. Descobriu-se que um incidente que levou à paralisação de parte do sistema de computadores da Câmara dos Comuns no ano passado foi obra de um grupo de hackers chineses. O deputado trabalhista Andrew MacKinlay, membro do comitê de relações exteriores da Câmara dos Comuns, disse que tentativas para obter informações sobre a escala do problema foram bloqueadas por ministros, entre eles o ex-chanceler Jack Straw, atual secretário da Justiça. Segundo o Guardian, os sistemas de computadores do Departamento de Defesa dos EUA, além do Ministério de Relações Exteriores da Alemanha e do gabinete da chanceler alemã, Angela Merkel, também foram atacados por hackers ligados ao Exército chinês. A China negou ontem ter atacado os sistemas de computador de qualquer governo estrangeiro e disse que nenhuma nação lhe pediu para investigar a suposta invasão cibernética. "Dizer que o Exército da China cometeu ataques cibernéticos contra redes de governos estrangeiros é sem sentido, irresponsável e tem como base motivos ocultos", disse Jiang Yu, porta-voz da chancelaria chinesa. Os críticos dizem que os hackers lançam os ataques para roubar segredos ou tecnologia, para testar a vulnerabilidade do sistema ou mesmo instalar vírus que podem ser ativados em caso de um conflito. Funcionários dos três países atacados rejeitaram apontar oficialmente a China como fonte das invasões. A chanceler alemã discutiu a questão no mês passado com o premiê chinês, Wen Jiabao, mas não pediu uma investigação. O presidente americano, George W. Bush, reuniu-se ontem em Sydney com seu colega chinês, Hu Jintao, e, apesar de terem discutido temas espinhosos, como liberdade religiosa e mudança climática, não falaram sobre o ciberataque ao Pentágono.

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