Governo colombiano acusa Farc de envenenar água de município

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Por Agencia Estado
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Autoridades municipais de Pitalito, cidade do departamento (província) de Huila, informaram hoje terem detectado substâncias tóxicas num aqueduto local. O engenheiro Raúl Poveda afirmou que a alteração química e física da água é "profunda", acrescentando que se tratou de uma ação de envenenamento intencional. Funcionários do governo acusaram a guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) pela sabotagem, destacando que se trata de uma ação terrorista de retaliação à ruptura das negociações de paz, na quarta-feira, e a retomada da área que os rebeldes ocupavam. Vários outros municípios de Huila e Caquetá, no sul da Colômbia, amanheceram hoje em meio a ameaçadores telefonemas, sem origem identificada, alertando sobre o envenenamento de aquedutos, informaram fontes militares. A população foi posta em estado de alerta e a orientada a informar sobre qualquer ato de sabotagem contra a infra-estrutura hídrica, energética e viária do setor. Enquanto os exames estão sendo realizados, a população de Pitalito (cerca de 7 mil habitantes) está sendo submetida a um racionamento de água potável. Há três semanas, as Farc destruíram uma das válvulas de uma represa que abastece o aqueduto de Bogotá com uma poderosa carga de explosivos. "Vamos esvaziar toda a instalação de Pitalito antes de voltar a abastecer a rede do município, pois, segundo os técnicos, o tóxico penetrou pelas tubulações", informou Poveda. Visita - O presidente colombiano, Andrés Pastrana, realizaria hoje uma visita à cidade de San Vicente del Caguán, maior cidade da área que tinha sido cedida às Farc. Praticamente sem resistência, cerca de 300 soldados retomaram o controle de uma base militar local, o Batalhão Caçadores. Pastrana, que viajaria acompanhado por militares de alto escalão, previa hastear a bandeira colombiana em San Vicente, que durante mais de três anos foi o centro de operações mais importante das Farc, a principal guerrilha esquerdista do país. Pastrana rompeu na quarta-feira as conversações de paz, iniciadas em 1999, depois de acusar os guerrilheiros de usar a zona desmilitarizada de 42 mil quilômetros para construir pistas para aviões, laboratórios de processamento de cocaína e ocultar centenas de seqüestrados. Depois de uma jornada de bombardeios e operações de desembarque de helicópteros realizadas desde a quinta-feira, os soldados entraram na madrugada de hoje em San Vicente, sem encontrar resistência rebelde, e destruíram uma bandeira das Farc hasteada na praça central, sob olhares assustados da população. Os moradores da área rural próxima a San Vicente denunciaram a morte de três pessoas - dois adultos e uma criança - nos intensos bombardeios que destruíram acampamentos rebeldes e depósitos de armas. Os guerrilheiros, após o anúncio de Pastrana, começaram a recuar para a selva. No entanto, em um comunicado, anunciaram que estão dispostos a retomar as conversações de paz com um próximo governo. O país realiza eleições presidenciais em 26 de maio. Os militares também recuperaram o controle de La Macarena, Uribe, Vista Hermosa e Mesetas, no departamento sulista de Meta, asseguraram fontes do Exército.

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