BOGOTÁ - O governo colombiano pediu ao órgão regulador das empresas no país, a Superintendencia de Sociedades, que proíba a construtora brasileira Odebrecht de fechar contratos públicos por 20 anos, depois que a empresa reconheceu o pagamento de propinas.
A petição ao regulador foi feita na noite da segunda-feira 20 pela vice-presidente da Colômbia, Marta Lucia Ramirez, e Carlos Gomez, chefe da Agência Nacional de Defesa Jurídicado Estado. “Este é um dos piores ataques cometidos contra a moralidade do país, que causou sérios prejuízos nas finanças públicas e foi a fonte de sérios danos à ética pública”, afirmam, em carta enviada ao órgão responsável.
A Odebrecht não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. A construtora brasileira está no centro do maior escândalo da corrupção da América Latina e reconheceu em 2016 que o pagamento de propinas a autoridades em uma dezena de países.
"Permitir que a Odebrecht volte a participar de licitações ou concursos públicos na Colômbia seria um ato contra as empresas honestas que cumprem a lei, além de uma péssima mensagem ao colombianos honestos", afirmaram a vice-presidente e Gomez.
Segundo documentos do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, a Odebrecht pagou US$ 788 milhões em subornos em 12 países da América Latina e da África.
Segundo a Procuradoria-Geral da República colombiana, os subornos da Odebrecht no país totalizaram cerca de US$ 30 milhões. A Odebrecht admitiu ter pago os subornos.
No dia 7, Bogotá recusou uma oferta de US$ 33,8 milhões da empresa brasileira como indenização pelos prejuízos causados pela corrupção e em troca de encerrar os processos fiscais abertos pelo Estado. A vice-presidente Marta e Gomez recusaram a proposta de indenização.
Quatorze pessoas envolvidas no escândalo da corrupção foram presas na Colômbia, incluindo um ex-senador e ex-ministro dos Transportes.
A Odebrecht, em parceria com uma empresa local, foi responsável pela construção de um trecho de 528 quilômetros de uma rodovia para o litoral caribenho, um contrato de mais de US$ 1 bilhão.
Nesta terça-feira, 20, o presidente colombiano, Iván Duque, afirmou à RCN Radio que seu governo não tolerará a corrupção e se posicionou contrário a contratos entre o Estado e empresas que tenham descumprido a lei. / REUTERS e EFE