Governo cubano prende cerca de 50 em funeral de ativista

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Por HAVANA
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Cerca de 50 pessoas foram presas ontem perto do templo onde foi celebrada a missa fúnebre em memória ao dissidente Oswaldo Payá - morto no domingo em uma batida de carro. Os detidos, entre eles o ativista Guillermo Fariñas, foram levados pelas autoridades cubanas em dois ônibus cedidos pela Igreja Católica para o transporte até o cemitério onde Payá foi sepultado, segundo a France Presse."Estavam esperando por eles na calçada, preparados para detê-los, enquanto eles procuravam um meio de ir ao enterro. (Os agentes) bateram neles, foram muito violentos", disse ao Estado Berta Soler, líder das Damas de Branco em Havana, contando que conseguiu sair do local em um outro ônibus, pouco antes da confusão. Cerca de 200 pessoas compareceram ao funeral. Depois de começar a gritar palavras de ordem contra o governo cubano, os detidos foram conduzidos à força para dois dos ônibus usados para levá-los ao cemitério. No momento da batida, Payá estava acompanhado do dissidente cubano Harold Cepero Escalante, de 31 anos - que conduzia o carro e também morreu -, e de dois ativistas estrangeiros: o espanhol Angel Carromero Barrios e o sueco Jens Aron Modig, ambos de 27 anos, que sofreram ferimentos leves. Desde que deixou o hospital, na segunda-feira, Carromero está preso.A família Payá denunciou que o choque não foi acidental, conforme diz o governo. "As informações que nos chegaram dos rapazes que estavam no carro são de que havia um veículo tentando tirá-los da estrada, investindo contra eles a todo momento", disse Rosa María, filha de Payá, ao jornal El Nuevo Herald, de Miami. No velório do pai, a jovem de 23 anos pediu justiça.O cardeal de Havana, Jaime Ortega, elogiou a "vocação política" de Payá na missa fúnebre de ontem. O papa Bento XVI expressou "os seus mais sentidos pêsames" à família, de acordo com o cardeal. / AFP, COM GUILHERME RUSSO

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