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Governo da Bolívia afirma que evitará cerco a Santa Cruz

O conflito entre as regiões e o MAS chegou a tal ponto que as partes se acusam de pôr em risco a integridade territorial nacional

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo boliviano anunciou nesta terça-feira que tentará dissuadir grupos de camponeses de promoverem um cerco à cidade de Santa Cruz de la Sierra, a mais próspera do país, à raiz do conflito entre o sudeste boliviano e o oficialismo pela liderança na tomada de controle das decisões da Assembléia Constituinte. O presidente interino, Alvaro García Linera, disse à imprensa que o governo abrirá um diálogo com os camponeses, que ameaçam bloquear os acessos rodoviários a Santa Cruz, exigindo que os dirigentes cívicos e políticos desta região aceitem a posição do governo de que a nova Constituição seja aprovada por maioria simples da Assembléia. "Como governo, estamos empenhados em utilizar todos os mecanismos, tomar todas as iniciativas para impedir a realização do bloqueio", disse Linera, que substitui o presidente Evo Morales, atualmente em visita à Organização das Nações Unidas, em Nova York. No entanto, García afirmou que o oficialista Movimento ao Socialismo (MAS), que conta com 137 dos 255 representantes da Assembléia, insistirá em aprovar a nova Constituição por maioria simples e apenas alguns de seus parágrafos mais controversos por dois terços dos votos. Representantes políticos e empresariais de Santa Cruz criaram um movimento com seus pares de outros três departamentos (Estados) do sul e do leste da Bolívia para reclamar que a Carta Magna seja aprovada por dois terços. O movimento, chamado Aliança Nacional, e que também é apoiado pela principal força política opositora, o Podemos, exige o cumprimento da lei de convocatória da Assembléia, a qual estabelece que "o texto constitucional" deve ser aprovado por dois terços dos sufrágios dos deputados constituintes. Grupos de camponeses do oeste do país que migraram para Santa Cruz exigem agora que o movimento desista de suas demandas. O líder da Federação Sindical de Trabalhadores Camponeses de Santa Cruz, Benigno Vargas, que se candidatou à Constituinte pelo MAS, afirmou que o protesto buscará "cercar" Santa Cruz e afetar a realização da Feira Internacional, com início previsto para domingo. A feira é o evento comercial mais importante da Bolívia. O conflito entre as regiões e o MAS chegou a tal ponto que as partes se acusam mutuamente de pôr em risco a integridade territorial nacional. O prefeito (governador) de Santa Cruz, Rubén Costas, disse hoje que "como comandante do departamento" irá instruir a polícia e a 8ª Divisão do Exército, acantonada na região, para que impeçam o corte de rodovias e outros acessos. Também afirmou que a cidade de Santa Cruz formou um "exército de paz" de civis que evitará o bloqueio.

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