Governo de Bagdá quer que funcionários de empresa de segurança sejam julgados

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Por AP E REUTERS
Atualização:

O governo iraquiano divulgou, na noite de domingo, o resultado de uma investigação sobre o tiroteio ocorrido no dia 16 em Bagdá envolvendo agentes da empresa privada de segurança americana Blackwater e pediu que os guardas sejam processados. Bagdá também pediu que a companhia pague uma indenização de US$ 8 milhões para cada família das vítimas. Encomendado pelo primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, o relatório também elevou o número de civis mortos no tiroteio - de 11 para 17. Mais de 20 iraquianos ficaram feridos. De acordo com o porta-voz do governo, Ali al-Dabbagh, os investigadores concluíram que os seguranças não foram atacados e por isso não estavam apenas se defendendo, como alegam. "Não há evidências de que o comboio da Blackwater tenha ficado sob fogo, direto ou indireto. (Os seguranças) não foram atingidos nem por uma pedra sequer", disse Dabbagh. "Por isso, vamos tomar as providências legais necessárias para responsabilizar a empresa." Uma investigação feita por uma comissão do Congresso americano chegou a conclusões semelhantes. Segundo um relatório divulgado na semana passada por essa comissão, a Blackwater utilizou "força excessiva" no incidente. O documento também assinalou que a empresa se envolveu em 195 incidentes com tiros no Iraque, incluindo um caso em que um civil foi morto por um guarda que estava bêbado. O tom acusatório do relatório iraquiano deve aumentar a tensão entre o governo de Maliki e a Casa Branca, que ontem não se pronunciou sobre o assunto. A Embaixada dos EUA em Bagdá e o FBI (polícia federal americana) também estão investigando o caso, mas ainda não chegaram a uma conclusão. A Blackwater não se manifestou sobre as conclusões do relatório. O fundador e presidente da empresa, Erik Prince, defendeu seus funcionários no Congresso, reiterando que eles agiram em legítima defesa. A Blackwater é a principal empresa de segurança que presta serviço para os EUA, protegendo militares e diplomatas americanos. O governo Bush já pagou mais de US$ 1 bilhão à companhia. IMPASSE Para processar os seguranças da Blackwater, entretanto, o governo iraquiano precisa superar um impasse jurídico. Isso porque há uma lei nos EUA, criada após a invasão de 2003, que garante imunidade às empresas privadas de segurança que atuam no Iraque. Ao contrário dos soldados, os agentes privados não são obrigados a obedecer um código de conduta militar e não precisam prestar contas nem ao governo iraquiano nem ao Exército dos EUA.

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