
17 de novembro de 2011 | 22h24
O governo do novo primeiro-ministro italiano Mario Monti passou por seu primeiro teste nesta quinta-feira, ganhando um voto de confiança do Senado italiano.
A votação aconteceu depois que Monti divulgou o programa de reformas do seu governo para lidar com os problemas econômicos do país e diminuir suas dívidas.
Depois de vencer com 281 votos a 25, ele enfrentará um segundo voto na Câmara dos Deputados na próxima sexta-feira.
Somente o partido de direita Liga do Norte retirou seu apoio de Monti.
No entanto, o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi teria dito que "desligaria a tomada" do governo se não gostar de seu desempenho.
Monti, um economista e ex-comissário da União Europeia, disse que as medidas de austeridade seriam balanceadas por crescimento econômico e justiça social.
"O futuro do euro também depende do que a Itália fará nas próximas semanas", disse a senadores em Roma em um discurso antes da votação.
Também nesta quinta-feira, centenas de estudantes protestaram em diversas cidades italianas contra o novo governo.
Monti montou seu gabinete com especialistas em economia e negócios depois da queda da administração de centro-direita de Berlusconi por causa das pressões dos mercados internacionais.
Perseguição à máfia
"O governo reconhece que foi formado para resolver uma séria emergência em um espírito de construção e união", disse o novo premiê aos senadores em um discurso de 45 minutos.
"Eu gostaria de usar a seguinte expressão: um governo com um compromisso nacional. Somente se pudermos evitar sermos vistos como um elo fraco da Europa poderemos contribuir com as reformas europeias."
O novo primeiro-ministro disse ainda que pretende corrigir o sistema de pensões, que ele disse ter "grandes disparidades no tratamento e privilégios injustificados para certos setores."
Ele afirmou também que tomaria medidas enérgicas contra a sonegação de impostos e faria mudanças no sistema de arrecadação.
"Se falharmos, se não fizermos as reformas necessárias, estaremos sujeitos a condições muito mais difíceis", disse.
Ele afirmou ainda que o crescimento econômico envolveria uma repressão à máfia.
Seu discurso pareceu ter sido bem recebido, já que o presidente do Senado teve que pedir que os parlamentares ouvissem ao invés de aplaudirem.
Correspondentes dizem que, com os custos para empréstimos à Itália em níveis insustentáveis, Monti terá que trabalhar duro para acalmar os mercados.
Bombas de fumaça
Também nesta quinta-feira, estudantes foram às ruas em protesto em Roma e outras cidades italianas.
A polícia interveio em uma passeata em Milão depois que centenas de estudantes protestando contra o "governo dos banqueiros" tentaram chegar à Universidade Bocconi, que é administrada por Monti.
Diversos policiais ficaram feridos em Turim ao impedirem ativistas que tentavam romper as barricadas.
Em Palermo, na Sicília, manifestantes teriam atirado ovos e bombas de fumaça em um banco, e outros atiraram pedras na polícia.
Em Roma, centenas de estudantes se reuniram do lado de fora da Universidade Sapienza, enquanto outros marcharam da principal estação de trem até o Senado.
"Estamos nas ruas porque queremos salientar as contradições entre a queda do governo de Berlusconi e o início do governo de Monti", disse o estudante Salvatore Corizza, em Roma.
"O novo governo não fará nada para melhorar nossa situação social e as coisas que estão ruins no país. E todos os dias os estudantes e trabalhadores estão sofrendo."
O Fundo Monetário Internacional disse que seus monitores viajariam para a Itália no final do mês de novembro para avaliar a economia do país.
O porta-voz do FMI, David Hawley, disse que as discussões não incluiriam a Comissão Europeia ou o Banco Central Europeu.
A manobra é parte dos esforços para assegurar os mercados sobre as reformas italianas. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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