Governo de Uganda e grupo rebelde assinam cessar-fogo

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Por Agencia Estado
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A assinatura do acordo ocorreu durante as negociações no sul do Sudão entre uma delegação governamental ugandense e outra do Exército de Libertação do Senhor (LRA, na sigla em inglês). "As partes pactuaram o término imediato das ações militares dirigidas contra o grupo contrário e de qualquer outra hostilidade que possa minar as negociações de paz. Estiveram de acordo em afirmar que os locais de culto em Uganda, que serão designados pelos líderes religiosos, podem servir como santuário para as forças do LRA", prevê o acordo. Também "decidiram - acrescentaram as partes envolvidas - que todas as forças do LRA em Uganda e no Sudão se reunirão em Owiny-ki-Bul, no lado leste do rio Nilo". Para assegurar o retorno dos combatentes do LRA, o Governo deverá ordenar a seu Exército que garanta essa volta a Uganda, permitindo a eles passagem aos locais designados para seu assentamento. O acordo entrará em vigor a partir das 6h locais (meia-noite de Brasília) da próxima terça-feira, graças a declarações do comandante-em-chefe das Forças Armadas, o presidente Yoweri Museveni, e do líder máximo do grupo rebelde, Joseph Kony. "Esperamos que ambos (Museveni e Kony) tomem iniciativas para que as armas sejam silenciadas", disse o mediador chefe, o vice-presidente do sul do Sudão, Riek Machar. O tratado, que muitos acreditavam que seria assinado na sexta-feira, sofreu atraso de 24 horas porque os líderes do LRA não estavam em conformidade com as condições impostas pelo Governo. Apesar disso, os dois lados mostraram determinação em terminar com as hostilidades e as conversas foram retomadas a partir da madrugada de hoje após apenas quatro horas de descanso por parte dos Participantes. As negociações começaram em 14 de julho na capital do sul sudanês, Juba, com o objetivo de acabar com movimentos rebeldes que atuam há mais de duas décadas no território e que causaram a morte de dezenas de milhares de pessoas, afetando cerca de dois milhões no norte de Uganda e desestabilizando toda a região sul do Sudão. Os rebeldes anunciaram o fim das hostilidades em 4 de agosto na capital ugandense, Campala, após o oferecimento, por parte do Governo, de anistia a seus líderes, que são procurados pelo Tribunal Penal Internacional (TPI). Os responsáveis pela insurgência, que não participaram das negociações e permaneceram em suas bases na República Democrática do Congo, são acusados de crimes de guerra e contra a humanidade. O LRA se caracterizou por ter dirigido seus ataques contra civis, por ter mutilado sobreviventes - em algumas ocasiões cortando nariz, lábios e orelhas - e seqüestrado milhares de crianças que foram utilizadas como soldados. Enquanto eram desenvolvidas as negociações em Juba, a luta armada continuou no norte de Uganda, onde os militares asseguram ter matado mais de 12 milicianos do LRA, incluindo um dos cinco mais procurados pelo TPI.

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