
29 de novembro de 2011 | 03h02
O primeiro-ministro do Kuwait, xeque Nasser al-Mohammad al-Sabah, e seu governo renunciaram na última segunda-feira, 28, atendendo às demandas de manifestantes e de deputados da oposição de que eles deixassem o poder por causa das denúncias de corrupção.
Dezenas de milhares de kuwaitianos saíram às ruas de todo o país ontem à noite para celebrar a renúncia do governo e pedir a dissolução do Parlamento.
Os manifestantes agitavam bandeiras do Kuwait e pediam a dissolução do Parlamento. Estima-se que 90 mil pessoas participaram da manifestação, a maior de toda a história do Kuwait, cuja população é de 1,2 milhão. "O dia de hoje representa uma vitória para o povo kuwaitiano e sua luta contra a corrupção", afirmou o deputado de oposição Jaman al-Harbash aos manifestantes.
"A demissão do gabinete não é suficiente. O Parlamento tem de se dissolver e os deputados corruptos serem levados à Justiça", afirmou o deputado Mohammed Hayef diante da multidão que o aclamava.
Um representante de 26 grupos de jovens e estudantes, Abdel Rahman al Qashan, pediu por sua vez que o primeiro-ministro seja julgado, assim como os 15 membros de seu governo.
Os oradores também pediram ao emir que coloque fim às lutas entre os membros da família real dos Al-Sabah, no poder há 250 anos.
O emir aceitou a renúncia do governo do xeque Nasser, um de seus sobrinhos. Desde que foi nomeado para o cargo, em fevereiro de 2006, o xeque pediu demissão em sete ocasiões por discrepâncias com o Parlamento, que foi dissolvido três vezes pelo emir.
O país produtor de petróleo tolerou as críticas ao governo em um nível raro entre os países do Golfo. Mas as tensões aumentaram rapidamente este mês quando deputados de oposição e manifestantes atacaram o Parlamento para exigir a renúncia do xeque Nasser. A invasão do Parlamento ocorreu após um pedido de deputados opositores para questionar o premiê foi bloqueado pelo gabinete. Os deputados tinham advertido o xeque que se ele não respondesse às perguntas até o dia 28 ampliariam a campanha contra ele.
Em sua carta de demissão, o premiê criticou "as incitações das ruas e as discórdias entre os filhos dos Kuwait que prejudicam a segurança e a estabilidade do país", segundo a agência Kuna. / REUTERS
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