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Governo do Panamá pagará US$ 2,4 milhões para agilizar investigações sobre caso Odebrecht

Verba será usada para contratar analistas financeiros, adquirir tecnologia especializada e custear viagens dos procuradores; partido opositor da República Dominicana interpelará construtora por subornos pagos no país para obter contratos de infraestrutura

Atualização:

CIDADE DO PANAMÁ - O governo do Panamá autorizou na quarta-feira a transferência de US$ 2,4 milhões ao Ministério Público do país para agilizar as investigações sobre os subornos pagos pela Odebrecht.

"O Órgão Executivo e todas suas instituições estão à disposição do Ministério Público para facilitar o desenvolvimento desta e de todas as investigações de natureza similar", indicou em comunicado o Ministério da Economia e Finanças (MEF) do país.

Departamento de Justiça dos EUA apontou o pagamento de US$ 788 milhões em propina em 11 países além do Brasil Foto: JF Diorio/Estadão

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A verba orçamentária, que ainda tem de ser aprovada pela Comissão de Orçamentos da Assembleia Nacional, será usada para contratar analistas financeiros, adquirir tecnologia especializada e custear viagens dos procuradores, entre outras coisas, já que se trata de um caso "delicado" e com muitas "implicações", acrescentou o MEF.

"O presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, manifestou publicamente seu total respaldo às investigações realizadas pelo Ministério Público para que se processe e sancione empresas e pessoas envolvidas em atos de corrupção cometidos contra o erário", enfatizou o Ministério.

O Departamento de Justiça dos EUA publicou em um relatório de dezembro que a Odebrecht desembolsou US$ 788 milhões em subornos em 12 países de América Latina e África, dos quais US$ 59 milhões foram pagos no Panamá entre 2009 e 2014, quando governava o ex-presidente Ricardo Martinelli. A construtora brasileira se comprometeu verbalmente a pagar ao Estado panamenho US$ 59 milhões, segundo informou a procuradora-geral do país, Kenia Porcell, no último dia 12 de janeiro.

Uma procuradoria especial anticorrupção, criada no final de dezembro para investigar apenas os casos de suposta corrupção que envolvem a Odebrecht, formulou acusações em janeiro por lavagem de capitais contra 17 pessoas, entre as quais se encontram dois filhos e um irmão de Martinelli.

República Dominicana. O principal partido opositor da República Dominicana anunciou que interpelará a Odebrecht nos tribunais locais por admitir que pagou subornos de US$ 92 milhões no país para obter contratos de infraestruturas entre 2001 e 2013.

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Além disso, o Partido Revolucionário Moderno (PRM) exigiu que a construtora abandone imediatamente os trabalhos de construção de duas usinas para geração de eletricidade que executa no país e solicitou a realização de uma licitação internacional para transferir os trabalhos a outra empresa.

A formação política ressaltou, em entrevista coletiva, que o processo na Justiça incluirá os que receberam os subornos, assim como os envolvidos em seu manejo e distribuição.

O PRM destacou que a delação da Odebrecht constitui uma "violação flagrante" à lei local de contratações públicas, e criticou que o presidente dominicano, Danilo Medina, esteja em "silêncio absoluto" perante a "magnitude deste escândalo".

A legenda opositora considerou "inaceitável" que o governo dominicano procure, segundo afirmou, um novo empréstimo de mais de US$ 600 milhões para que a Odebrecht continue com os trabalhos das usinas de carvão que constrói em Punta Catalina, na Província de Peravia, no sul do país.

O PRM também lamentou a maneira como a Procuradoria-Geral da República dirigiu o processo de investigação sobre os subornos da Odebrecht no país, por considerar que só interrogou ex-funcionários e ex-legisladores, e evitou integrantes do atual governo. / EFE

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