As esperanças de assistir ao fim de duas décadas de conflito étnico no Sri Lanka sofreram um duro golpe nesta segunda-feira, quando o governo cingalês anunciou a suspensão por tempo indeterminado das negociações com o Exército de Libertação dos Tigres do Tâmil Eelam (LTTE). Enquanto isso, a presidente Chandrika Kumaratunga, envolvida em uma acirrada disputa de poder com o primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe com relação ao processo de paz, disse que gostaria de se reunir com ele para discutir uma proposta de formação de governo de união. Ainda nesta segunda-feira, respondendo a insistentes questionamentos por parte da imprensa, o governo do Sri Lanka afirmou estar pronto para a realização de eleições como meio de encerrar a crise política iniciada na semana passada. "O governo está pronto para uma eleição a qualquer momento. Essa é uma boa hora, assim como qualquer outra", disse G. L. Peiris, ministro de Assuntos Constitucionais. Na semana passada, Kumaratunga demitiu três ministros, suspendeu o Parlamento por duas semanas e declarou um breve estado de emergência. Ela alegou que Wickremesinghe estava fazendo concessões demais aos rebeldes tâmeis. As decisões da presidente afundaram o país em uma grave crise política. Uma carta de uma página enviada pela presidente ao primeiro-ministro - a primeira comunicação direta entre os dois desde o início da crise - veio à tona pouco depois de o governo cingalês ter anunciado o adiamento do processo de paz. De acordo com Peiris, o governo precisa resolver quem será o responsável pelo processo de paz com o LTTE antes de dar seqüência às negociações. O anúncio foi feito horas antes de enviados do governo norueguês chegarem a Colombo em uma tentativa de retomar o processo de paz, estagnado desde abril, apesar de um cessar-fogo de 20 meses. A Noruega desempenha o papel de principal mediador entre as partes em conflito. Duas décadas de guerra civil já deixaram mais de 65.000 mortos no Sri Lanka.