Governo do Sudão negocia com rebeldes pela paz em Darfur

Solução política é a melhor saída, diz enviado da ONU, que acusa o Sudão de violação aos direitos humanos; conflito já deixou mais de 2,5 milhões de refugiados

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Por Agencia Estado
Atualização:

O enviado da Organização das Nações Unidas a Darfur afirmaram nesta segunda-feira, 23, que o governo sudanês e as forças rebeldes da região estão buscando um acordo de paz para acabar com o conflito, que já dura quatro anos. Jan Eliason revelou aos ministros da Relações Exteriores da União Européia e à comunidade internacional que "está feliz" com a decisão de Cartum em aceitar mais negociadores para apoiar os 7 mil soldados das Forças da União Africana em Darfur. Ele afirmou que o diálogo entre o governo e os rebeldes estão progredindo. "Eles consideram a solução militar como uma saída impossível", afirmou o diplomata. "O que esperamos é um movimento em direção à uma solução política." A decisão abre o caminho para o desdobramento de uma operação de paz conjunta entre a ONU e a União Africana (UA), que, segundo previsões, deve contar com 20 mil homens. Na última semana, um relatório da ONU denunciou que o Sudão violou as decisões do Conselho de Segurança e continua enviado armas à região de Darfur. Segundo o documento, os aviões militares sudaneses que levam armas a Darfur foram pintados de branco e receberam a sigla "UN", das Nações Unidas. O documento ressaltou o pedido do fortalecimento do embargo de armas já imposto a todo o Sudão e um maior controle sobre as atividades vinculadas ao tráfico de armas. O governo sudanês envia armas leves, peças de artilharia, munição à região conflituosa, afirmou o relatório, que também acusou os rebeldes de não cumprir "acordos de paz e normas humanitárias". "Apesar dos desmentidos do governo sudanês, os aviões recém-pintados operam nos três aeroportos principais de Darfur e estão sendo utilizados na vigilância aérea e no bombardeios de aldeias, além do transporte de carga." Ajuda internacional Ele apelou para que os 27 países da UE ofereçam mais ajuda para os negociadores da União Africana em Darfur. Ministérios europeus já financiaram 400 milhões de euros para a pacificação da região. Nesta semana, líderes de países europeus ainda devem se reunir para discutir a imposição de sanções econômicas e militares ao Sudão. Porém, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, pediu para que os membros do Conselho de Segurança dêem mais tempo para as discussões diplomáticas antes de imporem mais restrições. Ban ressaltou no último sábado, 21, a solução para a crise é "inaceitável". "O assunto de Darfur é uma das maiores prioridades da minha agenda", disse Ban, que concluiu uma visita de três dias à Suíça. "A comunidade internacional esperou muito, o povo de Darfur sofreu muito e por muito tempo. É uma situação inaceitável". Além disso, o secretário-geral espera que o presidente do Sudão, Omar Hassan Ahmad al-Bashir, cumpra com seus compromissos, em referência ao fato de seu governo ter aceitado em 16 de abril deste ano o envio de helicópteros de combate e três mil soldados da ONU à força de paz africana na conflituosa região de Darfur. A comunidade internacional acusa o governo do Sudão de graves violações dos direitos humanos na região de Darfur, no oeste do país. Acredita-se que de 200 mil a 400 mil pessoas, em sua maioria civis, foram mortas por facções rebeldes de Cartum e guerrilheiros da milícia Janjaweed, apoiada pelo Executivo. O conflito forçou o deslocamento de outros 2,5 milhões de pessoas.

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