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Governo dos EUA condenado a indenizar cientista acusado de espionagem

Cinco empresas jornalísticas também terão de indenizar o cientista

Por Agencia Estado
Atualização:

Wen Ho Lee, antigo cientista nuclear investigado por suspeitas de que espionava para a China, receberá uma compensação de US$ 895 mil do governo dos EUA, ao qual acusa de violar sua privacidade por revelar dados pessoais dele. Segundo informou Betsy Miller, advogada de Wen Ho Lee, o cientista também receberá US$ 750 mil de cinco empresas jornalísticas que negaram-se a identificar as fontes em suas informações sobre a investigação de espionagem. Fontes judiciais disseram que a compensação do governo cobrirá custos processuais dos seis anos e meio de duração do processo em que o cientista acusou os Departamentos de Energia e de Justiça de violar seus direitos, ao divulgar a informação de que era investigado por espionagem. Em documentos apresentados perante um tribunal federal, tanto Lee como o governo alegaram que o acordo não deveria ser considerado por parte das autoridades americanas como uma admissão que as acusações formuladas pelo cientista nuclear tinham fundamento. O vazamento de informações à imprensa indicou que Lee era suspeito de espionar para a China no final da década passada, quando trabalhava no Laboratório Nacional de Los Alamos, no Novo México. Lee foi despedido em 1999, mas o governo nunca conseguiu reunir provas que fundamentaram as acusações de espionagem. O cientista esteve detido em uma solitária durante nove meses e só recuperou a liberdade após admitir sua culpa no manejo errado de arquivos de informática. Como os advogados de Lee não conseguiram identificar a fonte da informação no governo, pediram, por meio de ordens judiciais, que os jornalistas que detalharam a investigação identificassem a suas fontes. Jornalistas Posteriormente, um tribunal de apelações ratificou uma decisão judicial de desacato contra os jornalistas por se negarem a revelá-las. Os jornalistas trabalham para a agência de notícias Associated Press, os jornais The New York Times, Los Angeles Times, The Washington Post e a rede de televisão ABC. Essas empresas afirmaram em comunicado que acertaram pagar em conjunto os US$ 750 mil para impedir que seus jornalistas fossem condenados a penas de prisão. "Não queríamos contribuir para este acordo, mas buscamos ajuda nos tribunais e não a encontramos", assinalaram esses meios de comunicação em uma declaração conjunta. "Em vista das normas dos tribunais federais em Washington e a ausência de uma lei de proteção, decidimos que a melhor solução era proteger nossas fontes e nossos jornalistas", afirmaram. Lee manifestou em uma declaração que "temos a esperança de que os acordos a que chegamos constituam uma mensagem enérgica que as autoridades do governo e os jornalistas devem atuar de maneira responsável no cumprimento de seus deveres e respeitar a privacidade a que tem direito todo cidadão".

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