Governo e rebeldes do Iêmen chegam a tréguas sob mediação da ONU

Acordo representa a retirada de todas as tropas de cidade portuária estratégica, onde as Nações Unidas assumirão papel importante

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ESTOCOLMO - O secretário-geral da ONU, o português António Guterres, anunciou nesta quinta-feira, 13, ao término das consultas de paz entre o governo doIêmen e os rebeldes houthis na Suécia, uma trégua na cidade portuária de Al-Hudaydah e uma nova rodada de contatos.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, entre o chefe da delegação houti, Mohammed Amdusalem (D), e o chanceler do Iêmen, Khaled al-Yamn Foto: EFE/ Pontus Lu Ndahl

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O acordo representa a retirada de todas as tropas da cidade de Al-Hudaydah, que passará a ser controlada por forças locais, e de seu estratégico porto no Mar Vermelho, onde a ONU assumirá um papel importante, revelou Guterres em uma entrevista coletiva.

Esse compromisso melhorará as condições de vida de milhões de iemenitas e permitiria a abertura de corredores humanitários, destacou Guterres, que comunicou que a próxima rodada será no fim de janeiro em um lugar que ainda será determinado.

"O que foi conseguido aqui é um passo importante para o povo do Iêmen", afirmou Guterres, que ressaltou que o tema de Al-Hudaydah era uma questão que precisava ser resolvida "agora ou nunca" para saber se as consultas representariam um avanço no processo.

O secretário-geral da ONU também elogiou outros acordos alcançados na Suécia, como o de apresentar listas com milhares de prisioneiros para estudar uma possível troca.

Guterres chegou ontem à noite à Suécia vindo da Polônia, onde participava da Cúpula do Clima (COP24), para se reunir com as partes e presidir o fechamento das consultas iniciadas há uma semana no castelo de Johannesberg, que fica ao norte de Estocolmo, promovidas pela ONU, as primeiras em mais de dois anos.

Os avanços conseguidos na Suécia supõem "um passo importante" e o começo de um processo no qual ambas as partes mostraram "vontade" de conseguir a paz no futuro, afirmou Guterres, acompanhado pelo enviado da ONU para o Iêmen, Martin Griffiths, e pela ministra das Relações Exteriores da Suécia, Margot Wallström.

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As últimas conversas de paz nas quais as partes beligerantes se encontraram ocorreram no Kuwait, em 2016. Após o seu término, a delegação houthi ficou bloqueada durante três meses em Omã porque a coalizão árabe liderada pela Arábia Saudita, que controla o espaço aéreo iemenita, impediu seu retorno à capital iemenita, Sanaa.

Em setembro, a ONU tentou realizar consultas em Genebra, mas apenas a delegação do governo iemenita compareceu, porque os rebeldes se negaram a viajar por falta de garantias para retornarem ao Iêmen.

Os contatos na Suécia estiveram precedidos de uma trégua parcial entre o governo e os rebeldes, cujo trajeto ao país europeu foi supervisionado por Griffiths, para que as garantias de segurança exigidas pelos houthis fossem cumpridas.

A guerra no Iêmen começou no fim de 2014, quando os houthis, que contam com apoio do Irã, tomaram o controle de Sanaa. O conflito se generalizou em março de 2015 com a intervenção da coalizão árabe liderada pela Arábia Saudita, que recebe armas dos Estados Unidos e de outros países ocidentais, o que provocou a "pior crise humanitária no mundo" da atualidade, segundo a ONU. / EFE

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