
10 de setembro de 2011 | 00h00
O governo egípcio declarou estado de alerta no país ontem à noite e convocou para hoje uma reunião de emergência do gabinete de crise após manifestantes invadirem a Embaixada de Israel no Cairo e confrontos deixarem 448 feridos.
Soldados e dezenas de veículos blindados foram enviados à sede diplomática de Israel e, segundo testemunhas, bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas para dispersar os mais de 2 mil manifestantes que ainda estavam diante do prédio na madrugada de hoje.
Desde a queda o presidente Hosni Mubarak vêm aumentado os pedidos no Egito pelo fim do histórico acordo de paz que Anuar Sadat assinou em 1979 com Israel - um pacto que nunca teve o apoio da população. Mas a revolta contra Israel aumentou no mês passado, depois de um bombardeio de Israel matar cinco policiais egípcios na fronteira, durante perseguição a palestinos.
O governo interino egípcio, formado após a deposição do presidente Hosni Mubarak, também enfrentou ontem o primeiro protesto em um mês contra os líderes militares na Praça Tahrir, no Cairo.
Sete meses após os levantes que derrubaram o ditador, os egípcios ainda pressionam por uma série de exigências, incluindo um julgamento transparente dos ex-membros do regime acusados de corrupção e a determinação de uma data para a realização das eleições parlamentares no país.
Os egípcios estão cada vez mais descontentes com o Conselho Supremo das Forças Armadas, que tomou o controle do Egito depois que Mubarak foi forçado a deixar o poder em 11 de fevereiro depois de quase três décadas no poder.
O conselho, liderado pelo ministro da Defesa de Mubarak, marechal Hussein Tantawi, manifestou seu apoio ao levante popular dos que pediam democracia e justiça. Mas os ativistas acusam o conselho de permanecer muito ligado ao regime e adotar as mesmas medidas repressivas, incluindo a detenção abusiva. O julgamento de milhares de civis em cortes militares também tem enfurecido os ativistas.
Os manifestantes querem a abolição dos tribunais militares, a definição de um salário mínimo no país e a permissão para que os egípcios que moram no exterior possam votar nas futuras eleições.
Os egípcios também pedem a remoção de antigos membros do partido governista de cargos de alto escalão em bancos, escolas, universidades e instituições do governo. / REUTERS, FRANCE PRESSE e AP
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