Governo filipino declara estado de emergência no sul

Crise teve início na segunda, quando homens armados mataram 40 pessoas que acompanhavam rival político

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Por Ricardo Gozzi e da Agência Estado
Atualização:

A presidente das Filipinas, Gloria Macapagal Arroyo, declarou estado de emergência em parte do sul do país nesta terça-feira, 24, em resposta a um massacre de dezenas de pessoas em meio ao acirramento da rivalidade política na região a poucos meses das eleições gerais nesta nação insular asiática.

 

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Ao anunciar a medida, o porta-voz de Gloria, Cerge Remonde, disse que o estado de emergência abrange Maguindanao, onde ocorreu o massacre na segunda-feira, e duas províncias vizinhas. A região é habitada por mais de 1,5 milhão de pessoas.

 

"Há uma necessidade urgente de se impedir e suprimir a ocorrência de incidentes de violência", alega Arroyo no decreto lido pelo porta-voz. "As Forças Armadas e a Polícia Nacional das Filipinas estão, portanto, ordenadas a adotar as medidas previstas em lei para impedir e suprimir todos os atos de violência ilegal nas áreas mencionadas", prossegue a presidente no decreto.

 

O estado de emergência autoriza o exército a impor toques de recolher, estabelecer postos de controle e realizar buscas em imóveis sem a necessidade de mandado judicial.

 

A crise teve início na segunda-feira, quando um grupo de dezenas de homens armados supostamente ligados a Andal Ampatuan, governador de Maguindanao, sequestrou e matou mais de 40 correligionários de um rival político e jornalistas que os acompanhavam.

 

Nesta terça, 22 corpos foram desenterrados de uma vala comum no sul das Filipinas, elevando a 46 o número de mortos em um massacre de aparente motivação política, informou a polícia do país asiático

 

O superintendente de polícia Josefino Cataluna disse que 11 corpos foram encontrados antes do cair da noite, pelo horário local, em uma vala comum cavada na encosta de um morro. Mais cedo, outras 11 vítimas do mesmo massacre foram encontradas no mesmo local. Na segunda-feira, 24 corpos já haviam sido recuperados.

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O massacre ocorre a poucos meses das eleições gerais nas Filipinas. As vítimas foram sequestradas e mortas por um grupo de aproximadamente cem homens armados na segunda-feira.

 

Os jornalistas acompanhavam assessores e seguidores de Esmael Mangudadatu, prefeito de uma cidade da província de Maguindanao, a um cartório eleitoral onde seria formalizada sua candidatura a governador nas eleições de maio de 2010.

 

O clã Mangudadatu tem uma antiga desavença política com a família do governador Andal Ampatuan. Segundo a polícia, Ampatuan dispõe de um exército particular a seu serviço. Entre os mortos no massacre estão a esposa de Mangudadatu, Genalyn, e duas irmãs dele.

 

Também nesta terça-feira, o comandante da polícia de Maguindanao foi exonerado e detido depois de três de seus subordinados terem sido implicados no massacre por testemunhas.

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