Governo holandês propõe banir a burca em locais públicos

Chegando perto das eleições nacionais, a proposta é baseada em questões de segurança; apenas algumas centenas usam a vestimenta, típica muçulmana, no país

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Por Agencia Estado
Atualização:

O governo holandês, que concorre à reeleição, informou nesta sexta-feira que planeja traçar um projeto de lei "o mais rápido possível" proibindo, em lugares públicos, burcas e outras roupagens que cubram todo o rosto da pessoa. "O gabinete considera indesejável que roupas que cobrem rostos - incluindo a burca - sejam usadas em lugares públicos por motivos de ordem pública, segurança e proteção de cidadãos", disse a ministra da Imigração, Rita Verdonk, em entrevista. Basear o plano em questões de segurança foi, aparentemente, a maneira de responder a possíveis críticas de que banir roupagens como a burca, usada apenas por muçulmanas, possa significar a violação da garantia constitucional de livre religião. No passado, a maioria do parlamento da Holanda disse que aprovaria uma proibição da burca, mas pesquisas de opinião antes das eleições nacionais (na próxima quarta-feira) sugeriram uma mudança de atitude. Ainda é incerto se a maioria da Casa ainda apoiaria a proibição. Caso o gabinete do governo elabore o projeto de lei, o texto é enviado ao legislativo de 150 membros para consideração. A principal organização muçulmana do país, o Grupo de Contato entre Muçulmanos e o Governo, ou CMO, tem sido crítica a qualquer possível proibição. A idéia foi "um exagero de um problema bastante periférico" porque quase nenhuma holandesa usa burca, disse Ayhan Tonca, da CMO. "É ridículo". Cerca de um milhão de muçulmanos vivem na Holanda, cerca de 6% da população total (16 milhões), mas estima-se que somente algumas centenas usam a burca regularmente. Após a França ter proibido o uso de panos de rosto em escolas públicas, o governo holandês decidiu deixar a questão a cada uma das escolas, individualmente. A maioria permite o uso. A cidade de Utrecht tem cortado alguns benefícios sociais de mulheres desempregadas que insistem em vestir a burca em entrevistas de empregos. A cidade alegou que as mulheres estavam usando a vestimenta para evitar trabalhar, pois sabiam que não seriam contratadas.

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