Governo indonésio reconhece independência do Timor

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Por Agencia Estado
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A presidente da Indonésia, Megawati Sukarnoputri, afirmou hoje que respeita o direito de Timor Leste de se separar da Indonésia e pediu desculpas pelas atrocidades cometidas no passado por Jacarta na ex-província. Foi a primeira vez que a nacionalista Megawati - que sempre se opôs à independência timorense - reconheceu o direito de Timor Leste à autodeterminação. "Respeitamos abertamente a escolha de nossos irmãos de viver em seu próprio Estado", disse ela à assembléia nacional durante seu primeiro discurso sobre o estado da nação. Milhares de pessoas morreram e muito da infra-estrutura de Timor Leste foi destruída quando o exército indonésio e milicianos promoveram atos de violência após o referendo que deu a independência à província. A votação foi realizada pela ONU em agosto de 1999. Durante seu discurso, Megawati disse também que seu governo "trabalhará duro" para resolver a crise dos refugiados do lado da ilha de Timor pertencente à Indonésia. Cerca de 50.000 timorenses do Leste continuam em campos de refugiados no Oeste, depois de terem fugido da violência deflagrada em 1999. O predecessor de Megawati, ex-presidente Abdurrahman Wahid, adotou uma política de intensificar os laços entre Indonésia e Timor Leste, uma ex-colônia portuguesa. O ex-mandatário chegou a visitar a região logo depois de sua independência. Megawati, ao contrário, chegou a fazer campanha contra a independência de Timor Leste durante o referendo de 1999. Tal atitude gerou preocupação entre os líderes timorenses de que a saída de Wahid do poder poderia prejudicar as relações entre Indonésia e Timor. Megawati aproveitou seu discurso, proferido às vésperas do 56º aniversário da independência, para conclamar os militares para que realizem reformas nas Forças Armadas e solicitou aos credores internacionais "tempo para respirar" enquanto ela tenta ressuscitar a combalida economia da Indonésia. A líder denunciou também a endêmica corrupção indonésia e afirmou que apenas sua eliminação poderá garantir o sucesso da redemocratização do país.

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