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Governo israelense teme queda de Fouad Siniora

Derrubada do primeiro-ministro pode gerar um novo conflito com o Hezbollah

Por Agencia Estado
Atualização:

O Governo israelense está preocupado com a crise política do vizinho Líbano devido às exigências do Hezbollah, que pede a renúncia do primeiro-ministro Fouad Siniora, segundo um jornal israelense. A crise em Beirute e suas possíveis conseqüências para Israel, caso os fundamentalistas pró-iranianos cheguem ao poder, serão debatidas neste domingo pelo Gabinete de Segurança do primeiro-ministro Ehud Olmert. O jornal "Ha´aretz" indica que a preocupação também existe no Egito, na Arábia Saudita e na Jordânia, países árabes do setor moderado. Egito e Jordânia são os únicos países árabes a assinarem tratados de paz com Israel em 1979 e 1994, respectivamente. Ainda segundo o "Ha´aretz", funcionários do Poder Executivo israelense propuseram nos últimos dias medidas destinadas a fortalecer Siniora, em uma tentativa de demonstrar que o chefe do Governo libanês é capaz de concretizar as aspirações nacionais por meio da diplomacia e sem apelar à violência. Uma das propostas em discussão é instar a União Européia (UE) a reconhecer como parte do território libanês as "Fazendas de Shaba", uma área de 25 quilômetros ocupada por Israel como suposto território sírio, mas reclamado por Siniora e pelo Partido de Deus (Hezbollah), que milita na oposição. Tanto a UE como a ONU, que em 2000 traçou a fronteira entre Israel e o Líbano, sustentam que esse território não é libanês, mas parte da saia ocidental da meseta síria do Golã. Outra proposta que provavelmente será debatida neste domingo pelo gabinete israelense de Segurança é a de chegar a um acordo com Siniora em torno da aldeia libanesa Ghajar, que ficou dividida pela linha fronteiriça, ou "linha azul", traçada pela ONU entre Líbano e Israel. O pacto, segundo confiaram as fontes do Governo ao "Ha´aretz", consistiria em que Israel evacuaria a zona de Ghajar sob seu controle, e a entregaria à ONU até que fosse feito um acordo definitivo sobre o destino da aldeia e seus habitantes. A fronteira foi determinada por cartógrafos a serviço das Nações Unidas, após a retirada do Exército israelense da "zona de segurança" que ocupou no sul do Líbano, ao longo da fronteira anterior entre ambos os países. Entre os militares, acredita-se que a derrubada do Governo de Siniora pode gerar um novo conflito com a milícia do Hezbollah, como o de julho e agosto deste ano, que acabou com um cessar-fogo organizado pelo Conselho de Segurança da ONU. Em virtude da resolução 1701 do Conselho, a fim de garantir a trégua, Israel teve de retirar suas tropas do sul do Líbano, enquanto os guerrilheiros do Hezbollah deixaram a fronteira, que agora é vigiada pelo Exército Nacional e por uma Força Interina da ONU (Finul). Se os fundamentalistas libaneses, respaldados por Irã e Síria, chegarem ao poder, dizem as fontes israelenses, a situação criada pela resolução 1701 na fronteira com Israel, onde reina a calma atualmente, poderia mudar "da noite para o dia".

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